Grupo Wagner inicia transferência de posições em Bakhmut para o exército russo

Grupo Wagner inicia transferência de posições em Bakhmut para o exército russo

Medida ocorre no momento em que tropas de Moscou enfrentam dificuldades nos flancos da cidade

AFP

Grupo Wagner inicia transferência de posições em Bakhmut para Rússia

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O grupo paramilitar russo Wagner iniciou nesta quinta-feira (25) a transferência ao exército russo de suas posições na cidade ucraniana de Bakhmut, que afirma ter conquistado após meses de combates violentos com as tropas de Kiev.

A transferência acontece no momento em que o exército russo enfrenta dificuldades nos flancos de Bakhmut. De acordo com Kiev, as tropas de Moscou perderam 20 quilômetros quadrados ao norte e sul da cidade para as forças ucranianas.

Também acontece após uma incursão de combatentes procedentes da Ucrânia na segunda-feira e terça-feira na região russa fronteiriça de Belgorod, que Moscou demorou mais de 24 horas para contra-atacar, o que demonstrou mais uma vez as dificuldades das forças russas.

"Hoje estamos retirando as unidades de Bakhmut. Até 1º de junho, a maior parte será transferida para as bases da retaguarda", declarou o fundador do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, em um vídeo divulgado por sua assessoria de comunicação.

"Estamos entregando as posições aos militares, a munição e tudo que há nelas", acrescentou.

Nas imagens, ele cumprimenta os combatentes e dá instruções. No vídeo desta quinta-feira, Prigozhin não ataca o Estado-Maior russo, contra o qual está em conflito.

"Nos retiramos, vamos descansar, nos preparar e receberemos novas instruções", afirmou.

Ganna Maliar, vice-ministra ucraniana da Defesa, confirmou que as tropas do grupo Wagner cederam as posições às tropas oficiais russas "na periferia de Bakhmut".

"As unidades do grupo Wagner permanecem na cidade de Bakhmut", disse Maliar, antes de informar que os soldados ucranianos ainda controla uma área do subúrbio ao sudoeste de Bakhmut.

A cidade industrial, que tinha 70.000 habitantes antes do conflito, é cenário da batalha mais violenta e prolongada da ofensiva russa.

Prigozhin admitiu na quarta-feira que quase 10.000 dos 50.000 detentos recrutados nas penitenciárias russas morreram na Ucrânia, onde estavam na linha de frente da batalha por Bakhmut.

Um número similar de combatentes profissionais do grupo também morreu durante os combates, acrescentou, sem citar um número exato.

O fundador do grupo Wagner afirmou no sábado passado que capturou "até o último centímetro" de Bakhmut, após meses de combates que deixaram a cidade destruída.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, negou a queda de Bakhmut. O exército ucraniano afirmou que ainda controla uma área pequena da cidade, mas que segue avançando pelos flancos.

A Ucrânia espera continuar com o avanço pelas margens de Bakhmut com o objetivo de estabelecer um "cerco tático" da cidade.

"O inimigo tenta impedir nosso avanço nos flancos com disparos de artilharia. Está reforçando os flancos com mais unidades", afirmou Maliar.

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"Aterrorizando a Ucrânia"

Zelesky acusou a Rússia de seguir "aterrorizando" a Ucrânia e disse que o exército do país derrubou 36 drones russos durante ataques noturnos.

"O inimigo pretendia atingir infraestrutura crucial e áreas militares no sul do país", destacou.

Ao mesmo tempo, as autoridades pró-Moscou da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, afirmaram que derrubaram seis drones ucranianos durante a noite.

O governo do Japão anunciou que mobilizou caças após detectar a presença de duas aeronaves russas de "reconhecimento" perto de suas costas, uma no Oceano Pacífico e outra no Mar do Japão.

O incidente, que não é o primeiro do gênero, aconteceu poucos dias após a participação de Zelensky na reunião de cúpula do G7 em Hiroshima (oeste do Japão).

Na Rússia, as autoridades enfrentaram uma incursão armada de um grupo de combatentes procedentes da Ucrânia na segunda-feira e terça-feira.

A operação, na região de Belgorod, foi reivindicada por dois grupos de russos que lutam do lado ucraniano, cujos representantes foram identificados como figuras da nebulosa extrema direita russa.

Uma das organizações, a Legião Liberdade da Rússia", que o Kremlin considera "terrorista", lamentou duas mortes e 10 feridos na incursão.

Moscou afirmou que "esmagou" o grupo com aviões e artilharia e que matou "mais de 70 pessoas".

No âmbito diplomático, a Rússia anunciou que o emissário chinês Li Hui, enviado por Pequim ao continente europeu para discutir uma solução política do conflito na Ucrânia, visitará Moscou na sexta-feira para "consultas".


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