Inflação acelera para 0,84% em fevereiro, aponta IBGE
Resultado do IPCA foi puxado pelo grupo Educação, devido aos reajustes em instituições de ensino
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,84% em fevereiro e ficou 0,31 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de janeiro (0,53%). No ano, a inflação acumula alta de 1,37% e, nos últimos 12 meses, de 5,60%, abaixo dos 5,77% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2022, a variação foi de 1,01%. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE.
As estatísticas demonstram que Porto Alegre teve variação de 0,75% no mês, maior do que a taxa de janeiro (0,23%), acumulando no ano alta de 0,98%. Nos últimos 12 meses, a Capital gaúcha registra elevação de 4,74%, e o peso dos dados na cidade nos índices nacionais é de 8,61%.
No Brasil, o grupo Educação foi o destaque no índice de fevereiro, sendo responsável pelo maior impacto (0,35 p.p.) e com a maior variação (6,28%). É a taxa mais alta desde fevereiro de 2004, quando teve variação de 6,70%. Em seguida, vieram Saúde e cuidados pessoais (1,26%) e Habitação (0,82%), que aceleraram em relação a janeiro, contribuindo com 0,16 p.p. e 0,13 p.p, respectivamente. Por outro lado, Transportes (0,37%) e Alimentação e bebidas (0,16%) tiveram variações inferiores às do mês anterior.
Os demais grupos ficaram entre o 0,11% de Artigos de residência e o 0,98% de Comunicação. “Fevereiro é sempre muito marcado pela educação, pois os reajustes efetuados pelos estabelecimentos de ensino na virada do ano são contabilizados nesse mês. Normalmente, essa alta de educação fica indexada ao próprio IPCA, ou seja, o reajuste das mensalidades é baseado na inflação do ano anterior”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Os reajustes que tradicionalmente acontecem no início do ano letivo tiveram grande peso na alta verificada em Educação. Os cursos regulares subiram 7,58%, puxados pelas altas de ensino médio (10,28%), ensino fundamental (10,06%), pré-escola (9,58%) e creche (7,20%). O subitem ensino fundamental foi o maior impacto individual no índice do mês, com 0,15 p.p. Também se destacaram as altas do ensino superior (5,22%), dos cursos técnicos (4,11%) e de pós-graduação (3,44%).
Influenciado principalmente pelo aumento de 2,80% nos preços dos itens de higiene pessoal, o grupo Saúde e cuidados pessoais teve variação de 1,26%. Após a queda de 5,86% em janeiro, os perfumes tiveram alta de 7,50% e contribuíram com 0,08 p.p. no índice do mês. Além disso, os preços dos produtos para pele subiram 4,54%, com impacto de 0,02 p.p. no IPCA de fevereiro. Houve, ainda, o resultado do plano de saúde (1,20%), que segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.
No grupo Habitação (0,82%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio da energia elétrica residencial (1,37%). As variações das áreas ficaram entre -2,04% em Rio Branco, onde houve redução de PIS/COFINS, até 6,98% em Belo Horizonte, onde as tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) foram reincluídas na base de cálculo do ICMS, a exemplo do que ocorreu também em outras áreas, como Curitiba (5,94%) e Vitória (4,98%). O retorno dessa cobrança adicional ocorreu em virtude de decisão proferida recentemente pelo Supremo Tribunal Federal.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, somente Vestuário apresentou variação negativa (-0,24%). As quedas das roupas masculinas (-0,58%) e femininas (-0,45%) impulsionaram o resultado. “Esse grupo vinha apresentando sucessivas altas há muito tempo. É natural, portanto, que os preços comecem a baixar”, acrescenta Pedro.
Transportes e alimentação
Em Transportes (0,37%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio da gasolina (1,16%), que foi o único combustível com alta em fevereiro. Etanol (-1,03%), gás veicular (-2,41%) e óleo diesel (-3,25%) tiveram quedas superiores a 1%. Os preços das passagens aéreas, que recuaram 9,38%, contribuíram para a desaceleração do grupo na comparação com o mês de janeiro (0,55%).
O resultado do grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, sofreu influência da desaceleração da alimentação no domicílio, que passou de 0,60% em janeiro para 0,04% em fevereiro. Houve queda mais intensa nos preços das carnes (-1,22%) e foram registrados recuos nos preços da batata-inglesa (-11,57%) e do tomate (-9,81%), que haviam tido altas no mês anterior (14,14% e 3,89%, respectivamente). No sentido oposto, o destaque foi o leite longa vida (4,62%), cujos preços voltaram a subir após seis meses seguidos de quedas.
Em relação aos índices regionais, todas as áreas tiveram alta em fevereiro. A maior variação foi em Curitiba (1,09%), devido às altas dos cursos regulares (5,97%), da gasolina (3,37%) e da energia elétrica residencial (5,94%). Já a menor variação foi registrada em Rio Branco (0,44%), onde houve queda de 2,04% da energia elétrica residencial. Dentre os 16 locais pesquisados, Porto Alegre está na 10ª posição das maiores variações (0,75%).
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INPC e metodologia da pesquisa
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC teve alta de 0,77% em fevereiro, acima do registrado no mês anterior (0,46%). No ano, o INPC acumula alta de 1,23% e, nos últimos 12 meses, de 5,47%, abaixo dos 5,71% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2022, a taxa foi de 1,00%.
O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.