Relator do Orçamento de 2023 sugere retirar piso da enfermagem do teto de gastos

Relator do Orçamento de 2023 sugere retirar piso da enfermagem do teto de gastos

Questão vai ser discutida com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na manhã da próxima terça-feira

R7

Relator do Orçamento de 2023 sugere retirar piso da enfermagem do teto de gastos

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Relator-geral do Orçamento de 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) vai propor ao presidente do Senado e presidente da República em exercício, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em reunião nesta terça-feira, que o piso da enfermagem fique fora do teto de gastos — regra que limita os gastos da União, impedindo-a de gastar mais mesmo quando arrecada mais. A questão vai ser discutida em reunião às 11 horas no Palácio do Planalto.

A sugestão foi comentada pelo relator nesta segunda-feira. Ele falava sobre a ideia de aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para garantir o pagamento dos R$ 200 a mais do Auxílio Brasil fora do teto de gastos. O referido benefício é composto por parcelas de R$ 400. Em julho, no entanto, após articulação do governo, o Congresso aprovou o aumento do benefício para R$ 600, mas apenas até o fim deste ano.

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Tanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto o candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm prometido manter o benefício a R$ 600 caso vençam a eleição. O governo federal, no entanto, enviou o projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 prevendo o auxílio de R$ 400. Na época, Castro inclusive afirmou que recebeu "com surpresa" o projeto sem a previsão do Auxílio Brasil a R$ 600.

"Não há outra maneira de cumprir essa promessa a não ser excepcionalizando o teto de gastos. Para fazer essa excepcionalização, precisamos apresentar uma emenda constitucional. Se já vamos apresentar uma emenda para o Auxílio Brasil, nós então levaríamos em conta esses recursos para enfermagem", disse.

Lideranças do Senado se reuniram nesta segunda-feira com Pacheco, ocasião em que discutiram alternativas para financiar o piso da enfermagem, cujo pagamento está suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Marcelo Castro comentou que, ainda que sejam encontradas saída, os recursos arrecadados vão ser "comprimidos pelo teto de gastos", e por isso é necessário discutir uma alternativa a ele.

As propostas do Senado

Na reunião desta segunda-feira, Pacheco propôs aos senadores os seguintes projetos para financiar o piso da enfermagem:

• O projeto de lei complementar (PLP) 44, deste ano, que permite que os estados, o Distrito Federal e os municípios reconduzam recursos recebidos para o combate à Covid-19 a outros programas da área da saúde;

• O projeto e lei (PL) 798, de 2021, que reabre por 120 dias o prazo para adesão ao Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), a fim de incentivar a regularização de recursos, bens e valores, de origem lícita, que não tenham sido declarados aos órgãos públicos brasileiros;

• O PL 458, de 2021, que institui o Regime Especial de Atualização Patrimonial (Reap) com o objetivo de permitir a atualização de valores e a correção de dados de bens móveis e imóveis de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil, com a aplicação de alíquota especial do Imposto de Renda sobre o acréscimo patrimonial e a exclusão de penalidades decorrentes da omissão objeto de correção; e

• O PL 1.417, de 2021, que prevê o pagamento por parte da União de até R$ 3,3 bilhões para as santas casas e os hospitais filantrópicos.

Emenda de relator

No encontro, líderes partidários do Senado apresentaram uma proposta de usar os recursos que o Ministério da Saúde recebe das emendas de relator, o chamado "orçamento secreto", para financiar o piso da enfermagem.

Para 2023, o governo federal prevê o pagamento de R$ 10,4 bilhões em emendas de relator ao Ministério da Saúde. A destinação desses recursos para o piso da enfermagem foi sugerida pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que disse ter tido o apoio de mais colegas, inclusive do líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ).

Mais propostas

Cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, mostram que o piso da enfermagem pode gerar um custo anual de R$ 17,4 bilhões. Já o grupo de trabalho da Câmara, que analisou o projeto de lei, diz que o impacto será de R$ 16,3 bilhões por ano.

Na reunião, os senadores levantaram mais propostas que podem ser aprovadas para complementar o valor necessário para garantir o piso em conjunto com as emendas de relator.

Os senadores também falaram do projeto (442/1991) que legaliza e regulamenta a exploração de jogos de azar e apostas, propondo usar parte da arrecadação tributária decorrente da matéria para financiar o piso. Eles também citaram o projeto de lei 4.188, de 2021, que cria o Marco Legal das Garantias e a desoneração na folha de pagamento para atender aos hospitais particulares.

Também foi citada na reunião uma proposta para alterar a lei que concede o direito de preferência para a Petrobras nas licitações dos contratos de partilha de produção para prever, pelo menos até 2026, a descentralização do excedente em óleo da União (pré-sal) para entes subnacionais, com valores proporcionais ao impacto do piso da enfermagem.


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