Com desaceleração da economia, seguro-desemprego atinge maior nível em 7 anos

Com desaceleração da economia, seguro-desemprego atinge maior nível em 7 anos

No primeiro trimestre, os pedidos superaram 1,8 milhão, aumento de 5,7% em relação ao mesmo período de 2022

R7

Benefício teve alta de 5,76% nos primeiros três meses

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Os pedidos de seguro-desemprego voltaram a aumentar nos três primeiros meses deste ano e atingiram o maior patamar para o trimestre desde 2016. Segundo o Ministério do Trabalho, de janeiro a março, 1,8 milhão de requerimentos foram registrados no país. O número representa alta de 5,7% em relação ao mesmo período de 2022, que teve 1,7 milhão de solicitações. 

O total do acumulado deste ano é o maior desde 2016, quando o benefício foi solicitado por 1,9 milhão de pessoas que haviam perdido o emprego, de acordo com o Painel de Informações do Seguro-Desemprego, do Ministério do Trabalho e Emprego.

O benefício é pago ao trabalhador que é demitido sem justa causa e não tem renda própria. O valor varia de três a cinco parcelas, de R$ 1.320 a R$ 2.230,97, dependendo do tempo trabalhado com carteira assinada. 

Março foi o mês no trimestre com o maior número de solicitações, 683.218. Mas o recorde de requerimentos foi registrado em maio de 2020, com 960.308, a maior marca da série histórica, no começo da pandemia de coronavírus.

A alta do benefício coincide com com a taxa de desemprego no Brasil que subiu 0,9 ponto percentual e atingiu 8,8% no primeiro trimestre de 2023. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a quantidade de profissionais ainda fora da força de trabalho equivale a 9,4 milhões de pessoas.

Já o Caged (Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostrou que o país abriu 195.171 novas vagas de trabalho com carteira assinada em março. Foi o terceiro mês seguido de saldo positivo, com 526.173 admissões com carteira assinada acumuladas no período.

Outro índice que antecipa os rumos do mercado de trabalho, o IAEmp (Indicador Antecedente de Emprego do Brasil) oscila em patamar baixo, após resultado positivo do primeiro trimestre ser quase totalmente revertido em abril. O indicador caiu 1,4 ponto em abril, para 75,0 pontos, após meses seguidos de alta. 

Depois um ano favorável para o mercado de trabalho, 2023 apresenta tendência de alta do desemprego, com o impacto da desaceleração econômica global, além dos juros altos e da inflação.

Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de economia aplicada do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), a alta do número absoluto tem a ver com o aumento de formalização do ano anterior e com a queda da atividade econômica em 2023.

"São duas coisas acontecendo ao mesmo tempo. A primeira é a desaceleração da economia e, a segunda, é o número de pessoas elegíveis ao seguro-desemprego que aumentou, porque no ano passado teve uma forte formalização no Brasil", explica o economista.

A combinação do número elevado de pessoas com carteira assinada, reflexo da recuperação após a pandemia de Covid-19 nos últimos anos, e o fato de que a economia está desacelerando tende a aumentar os pedidos do benefício.

"A tendência é de mais benefícios porque a base de pessoas com carteira assinada aumentou nos últimos anos. Na recuperação da pandemia houve um forte crescimento do setor formal de trabalho e, ao mesmo tempo, a gente está tendo uma desaceleração da economia, o que vai fazer com que essas pessoas que têm direito ao seguro-desemprego possam pleiteá-lo", avalia.

 


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