Inflação do aluguel mantém desaceleração, e locações não terão reajuste pela 1º vez em 5 anos
Variação negativa de 0,95% do IGP-M no acumulado dos últimos 12 meses não deve resultar na redução do valor das locações, que têm cláusulas para blindar o poder de compra dos proprietários
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A perda de ritmo do IGP-M (índice Geral de Preços – Mercado), indicador responsável pelo reajuste da maioria das locações vigentes no Brasil, foi mantida no mês de abril. Com o movimento, os contratos que vencem em maio serão os primeiros sem reajuste desde fevereiro de 2018. De acordo com dados publicados nesta quinta-feira (27) pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o IGP-M caiu 2,17% em abril, na comparação com a alta de 0,05% apurada em março, e agora acumula queda de 0,95% no acumulado dos últimos 12 meses.
O percentual em questão é aquele que seria repassado aos inquilinos com aniversário de vencimento no próximo mês. No entanto, a maior dos contratos possuí cláusulas que inibem o reajuste negativo do indicador, o que deve ocasionar na manutenção do valor pago atualmente.
A variação do IGP-M acumulada nos 12 meses encerrados neste mês mantém a tendência de queda apurada desde maio de 2021, quando o indicador apresentava oscilação de 37% para as locações que venceriam no mês seguinte. Em abril do ano passado, o indicador subiu 1,41% e o índice acumulado no período anual foi de 14,7%, percentual repassado os contratos de maio de 2022.
O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola e industrial e na construção civil. Por isso, a variação é diferente da apresentada pela inflação oficial, que calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.
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André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explica que a recente perda de fôlego da "inflação do aluguel" é motivada pela manutenção da queda dos preços de importantes matérias-primas para o setor produtivo.
"Soja (-9,34%), milho (-4,33%) e minério de ferro (-4,41%), abrem espaço para descompressão dos custos de importantes segmentos varejistas favorecendo a chegada desses efeitos nos preços ao consumidor", avalia Braz.
Ainda assim, ele destaca que a inflação dos produtos que chegam às famílias segue pressionado pelos reajustes dos preços administrados, como gasolina (+2,39%), energia elétrica (1,31%) e medicamentos (2,02%).
"Além disso, os serviços livres também persistem com inflação em elevado patamar. Entre os itens deste segmento, vale destacar o aluguel residencial com alta de 1,31% em abril”, completa Braz.