Campos Neto defende medidas do BC contra inflação e diz que "dívida alta é que faz o juro ser alto"
"Nenhum presidente do Banco Central gosta de subir juros, mas nossa obrigação é uma meta de inflação", disse no Senado
publicidade
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira (25), durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, as ações adotadas pela instituição para seguir a meta inflacionária.
“Nenhum presidente do Banco Central gosta de subir juros, mas nossa obrigação é uma meta de inflação”, disse. "A taxa de juros é alta, e a gente tem que baixar. Nós queremos fazer isso. Mas não podemos confundir a causa e o efeito. O Banco Central não é quem faz a dívida ser alta. É a dívida alta que faz o juro ser alto," afirmou.
Segundo ele, a inflação é o "imposto" mais perverso que existe e "prejudica o pobre". “O dinheiro perde valor na mão das pessoas e ganha na do emissor, que é o governo. De certa forma, a inflação até melhora a situação fiscal, mas às custas de desigualdade e de uma piora na qualidade do consumo”, afirmou Campos Neto.
Veja Também
- Investimento Direto no País soma US$ 7,673 bilhões em março, mostra BC
- Governo arrecada R$ 581,8 bilhões no 1º trimestre, o maior resultado da história no período
Campos Neto citou o movimento de aumento de juros em pleno período eleitoral, algo que definiu como inédito na história do país e do mundo. O motivo foi uma intervenção diante da previsão de inflação futura.
“O Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir, entendeu antes de grande parte dos outros países, fez uma subida muito grande no ano eleitoral", afirmou o presidente do BC. Ele apresentou, logo no início da sessão, um cálculo estimando que, caso não houvesse o aumento da taxa de juros, "a inflação estaria em 10%, e não na projeção de 5,8%". Neste caso, avaliou, o Banco Central estaria elevando a taxa Selic para 18,75% em vez de mantê-la nos atuais parâmetros.
Campos Neto disse que não há “bala de prata” para resolver esse impasse. “É difícil um país seguir o sistema de metas que a gente segue sem ter o regime de disciplina fiscal”. Sem isso, o Brasil corre o risco de ver a saúde financeira desmoronar como na Turquia, Argentina, Egito e Líbano, afirmou.