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Haddad espera que Congresso vote novas regras fiscais até o fim de junho

Ministro da Fazenda diz que aprovação da proposta é fundamental para elaboração do Orçamento de 2024

Arcabouço fiscal foi apresentado pelo governo federal ao Congresso Nacional nesta terça
Arcabouço fiscal foi apresentado pelo governo federal ao Congresso Nacional nesta terça Foto por: Diogo Zacarias / Divulgação / CP

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar a aprovação do projeto de lei com as novas regras fiscais para o país até o fim de junho. O chamado arcabouço fiscal foi apresentado pelo governo federal ao Congresso Nacional nesta terça-feira (18) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O ideal é votar na Câmara e no Senado no primeiro semestre, porque o [Ministério do] Planejamento [e Orçamento] precisa de tempo para elaborar o Orçamento de 2024 e a lei precisa ser feita com base na nova regra ou na velha. A própria LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] vai ter que ser reformada à luz da nova regra", disse Haddad em entrevista coletiva.

Segundo o ministro, a proposta vai permitir mais "razoabilidade" às contas públicas. "Se as metas fiscais não forem atingidas, tem uma redução da velocidade do crescimento da despesa em relação à receita. É um mecanismo que pode funcionar muito bem se toda agenda for cumprida", destacou.

"Não estamos entregando para a Câmara e o Senado só uma nova lei de responsabilidade, estamos trabalhando junto às casas as medidas provisórias que estão em tramitação, os projetos de lei que estão em tramitação, e os que vão ser encaminhados ao longo das próximas semanas. São contas bilionárias que precisam ser ajustadas definitivamente. O Brasil não aguenta mais tanta sangria, é muita sangria”, completou Haddad.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que participou da cerimônia de entrega do projeto, comentou que a proposta pode ser votada no plenário da Casa até 10 de maio.

"Se nós pudermos cumprir o prazo de até o dia 10 de maio na Câmara, eu acho que atende bem e dá um debate tranquilo. Você passaria, mais ou menos, quase 15 dias discutindo diariamente, com amplo acesso a todos os meios de comunicação", afirmou o deputado.

De acordo com Lira, a aprovação do arcabouço pode facilitar a tramitação da reforma tributária no Congresso. "Vai depender da nossa competência em votar um arcabouço justo e de medidas saneadoras que sirvam de alicerce para ele. Se as medidas que servirão de alicerce para a manutenção de um arcabouço bom, correto, justo para o desenvolvimento do país, eu entendo que elas facilitarão a votação da reforma tributária, elas anteciparão algumas discussões."

O arcabouço fiscal

Segundo o projeto do arcabouço fiscal, o orçamento para as despesas públicas será definido de acordo com o crescimento das chamadas receitas primárias, que são obtidas com a arrecadação de impostos, taxas, contribuições e aluguéis. A proposta prevê que o governo amplie os gastos públicos em até 70% do que for registrado de crescimento da receita nos 12 meses anteriores.

Apesar disso, o arcabouço tem um segundo limite para a evolução das despesas, que foi definido para impedir uma "gastança" desnecessária diante de cenários positivos na economia. De acordo com a proposta, a ideia é que o governo gaste apenas o que for suficiente para superar a inflação.

O projeto do arcabouço define que o crescimento real dos gatos tenha um piso de 0,6% e um teto limite de 2,5% ao ano. Na prática, essa regra deve possibilitar que a economia seja estimulada em momentos negativos e, ainda, que o governo não perca o controle das contas públicas frente a cenários mais favoráveis.

Além de definir uma nova forma de evolução das despesas públicas, o arcabouço vai estabelecer metas para o resultado primário do país até 2026. Esse indicador é obtido a partir da diferença entre o que é arrecadado e o que é gasto pelo governo, excluída a parcela referente aos juros da dívida pública.

A meta de resultado primário, que hoje é definida em valores reais, passará a ser avaliada segundo uma margem de tolerância. De acordo com o projeto, para cada ano, o resultado primário terá de alcançar determinado percentual do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e dos serviços produzidos no país. Para que o governo cumpra a meta, o resultado pode ser 0,25% inferior ou 0,25% superior ao valor definido inicialmente.

As metas de resultado primário do Executivo para os próximos anos são: 0% do PIB em 2024, superávit de 0,5% do PIB em 2025 e superávit de 1% do PIB em 2026.