Economia

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FMI reduz previsão de crescimento global para 2,8% e estima perspectiva 'anêmica'

Organismo espera uma desaceleração acentuada nas economias desenvolvidas

FMI revisou para cima suas previsões de crescimento este ano para os Estados Unidos
FMI revisou para cima suas previsões de crescimento este ano para os Estados Unidos Foto por: OLIVIER DOULIERY / AFP / CP

A economia global esmorece, com um crescimento de 2,8% em 2023, e de 3% durante os cinco anos seguintes, "o mais baixo em décadas", estimou nesta terça-feira (11) o Fundo Monetário Internacional (FMI), que considera esta perspectiva "anêmica".

Se for considerado que "as recentes tensões do setor financeiro serão contidas", o crescimento cairá de 3,4% em 2022 a 2,8% em 2023, antes de subir lentamente e fixar-se em 3% durante cinco anos: "o prognóstico a médio prazo mais baixo em décadas", afirma o Fundo na atualização de suas Perspectivas da Economia Mundial.

O organismo espera uma desaceleração acentuada nas economias desenvolvidas, de 2,7% em 2022 a 1,3% em 2023.

"A perspectiva anêmica" é um reflexo da alta das taxas de juros e das "políticas rígidas necessárias para reduzir a inflação", afirma o organismo.

É, além disso, um consequência da recente deterioração das condições financeiras, da guerra em curso na Ucrânia e "da fragmentação do crescimento geoeconômico", explica o relatório, em referência à tendência crescente de afastar-se da globalização que dominou a economia durante a segunda metade do século XX para abraçar medidas protecionistas.

E pode ser pior com um "plausível cenário alternativo, com mais estresse no setor financeiro", afirma. Neste caso, o crescimento cairia para em torno de 2,5% em 2023, o que o tornaria o mais fraco desde a crise de 2001, se excluídos o ano da pandemia e o colapso financeiro mundial de 2009.

O aumento das taxas de juros para controlar a inflação tem "efeitos secundários" evidentes, indica o relatório.

"As vulnerabilidades do setor bancário tornaram-se evidentes e os receios de contágio aumentaram no setor financeiro em geral, incluindo instituições financeiras não bancárias", alerta.

Se refere, em particular, à quebra de três bancos regionais americanos e à compra apressada do Credit Suisse por seu concorrente UBS.

A inflação continuará alta em 2023, em torno de 7% a nível mundial, mas o que mais preocupa a instituição é a inflação subjacente, que exclui elementos mais voláteis como os alimentos e a energia.

"Turbulências"

"O que constatamos é que os riscos, mais uma vez, pesaram muito sobre o crescimento e, em grande parte, devido às turbulências financeiras das últimas semanas", declarou o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em coletiva de imprensa.

Apesar disso, o FMI revisou para cima suas previsões de crescimento este ano para os Estados Unidos, a maior economia mundial, para 1,6% (+0,2 pontos porcentuais em relação às publicadas em janeiro), e 1,1% (+0,1 pp) em 2024.

A previsão para a zona do euro também melhorou e a região deve crescer 0,8% (+0,1 pp), assim como a do Reino Unido, que terminará o ano em recessão, mas em um nível melhor do que o esperado, com uma contração de 0,3%.

Alemanha também corre risco de recessão (-0,1% em 2023), enquanto a Espanha se encontra em melhor situação, com crescimento previsto de 1,5% em 2023 e 2% em 2024.

A economia da América Latina e Caribe crescerá 1,6% este ano (-0,2 pp) e 2,2% em 2024.

Por países e áreas econômicas, a organização financeira projeta um crescimento para o Brasil este ano de 0,9%, México 1,8%, Argentina 0,2%, Bolívia 1,8%, Colômbia 1%, Equador 2,9%, Paraguai 4,5%, Peru 2,4%, Uruguai 2% e Venezuela 5%. Já a América Central crescerá 3,8% e o Caribe 9,9%.

A economia do Chile, no entanto, contrairá este ano em cerca de 1%, indica o Fundo.

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China fraqueja

A China atua como locomotiva econômica mundial e sua recuperação alivia os problemas na rede de abastecimento. Porém, suas perspectivas também não são animadoras.

Após abandonar a política de covid zero, a economia chinesa crescerá 5,2% em 2023, mas desacelerará a partir de 2024 até 4,5%, um número muito baixo para o país.

Este panorama levou o FMI a mudar de ideia a partir de janeiro: já não fala mais em "aterrissagem suave", com uma inflação baixa e crescimento constante da economia. Agora, adverte que a inflação persiste e a situação do setor financeiro traz incertezas.

E há mais riscos no ar: os "níveis de dívida continuam altos", uma intensificação da guerra na Ucrânia pode disparar novamente os preços das matérias-primas e "as tensões geopolíticas são altas", conclui.