Oxigênio no rio Gravataí continua normal, mas estiagem segue castigando bacia

Oxigênio no rio Gravataí continua normal, mas estiagem segue castigando bacia

Nível ainda oscila diariamente próximo do zero em um dos principais cursos da região Metropolitana

Felipe Faleiro

Chuva da semana passada ajudou a elevar levemente o nível do manancial

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A estiagem continua a castigar os moradores de diversas áreas do Estado, enquanto o monitoramento dos rios continua a ser realizado, a fim de evitar graves consequências. No rio Gravataí, um dos principais que abastece a região Metropolitana, e que nesta semana chegou a atingir o nível zerado na medição realizada no município de Gravataí pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a cota alcançou na manhã desta terça-feira novamente um centímetro. 

Já na régua do Balneário Passo das Canoas, a marca segue em queda livre, como ocorre há quatro dias, alcançando 57 centímetros na manhã de hoje, e o oxigênio na água segue normal. “Os níveis ficaram um pouco melhores devido a última chuva. Foi pouca, mas ajudou”, afirma o gestor do balneário, Breno Duarte. Os 11,6 milímetros de precipitação da sexta-feira da semana passada elevaram em dez centímetros os níveis do rio na cota do município vizinho de Alvorada, que na última terça anotou 80 centímetros da lâmina de água, embora o valor também seja considerado insuficiente. 

Índices abaixo de 1,30 metro em Alvorada ou 50 centímetros em Gravataí acionam a suspensão automática da captação a produtores rurais locais. A descoberta pela Prefeitura de Gravataí e técnicos da Sema de um sistema de bombeamento que estaria desviando cerca de 200 litros por segundo a uma fazenda arrozeira da região de Águas Claras, em Viamão, reacende o debate sobre o uso racional da mesma. 

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A propriedade em questão estaria autorizada a utilizar esta água, em princípio, conforme a Administração, após a mesma ser descartada mais acima no Arroio Passo do Vigário, afluente do Gravataí, pelo Assentamento Filhos de Sepé, com 1,6 mil hectares, e considerado o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, com 150 mil sacas anuais. A alteração seria a partir do chamado Canal do DNOS, e do chamado “pulmão” do banhado, uma espécie de barragem onde a água fica armazenada. 

“O desvio é favorecido pelo assoreamento tanto do arroio, quanto do canal”, afirma Ivan Carlos Prado Pereira, presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Filhos de Sepé (Aafise). Segundo ele, a comunidade está “apreensiva” com a situação. “Como produtores rurais, defensores do meio ambiente e produtores de arroz orgânico, que contribuímos com água pura e limpa, ficamos desconfiados sobre desde quando isto acontece”, relata ele. 

Para reduzir os efeitos da estiagem, a Corsan segue em andamento com o plano emergencial de aproveitamento de água do Banhado dos Pachecos, em Águas Claras, bem como a contenção com 150 metros cúbicos de pedra, elevando o nível do Gravataí. Procurada para comentar as possíveis obras, a Corsan ainda não se manifestou. Nas cidades vizinhas, onde o Gravataí também passa, as prefeituras seguem se movimentando. 

Em Canoas, por exemplo, também a Administração informou, em nota, que não há registro de prejuízos causados pela estiagem. “A Defesa Civil segue monitorando a situação junto a MetSul Meteorologia e Corsan”, informou. Já em Cachoeirinha, a Prefeitura disse que, apesar de o rio passar pela cidade, o trecho apresenta poluição, e o abastecimento municipal é feito por outro curso d’água, o Arroio das Garças, em Canoas, que também abastece parte de Gravataí. Ainda assim, o município deverá divulgar, entre hoje e amanhã, um decreto para o uso consciente da água.


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