Ação que investiga suposto desvio de verbas e fraudes prende presidente da Câmara de Canela
Mandados judiciais são cumpridos em seis cidades do RS, além de dois municípios de Santa Catarina
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Uma operação da Polícia Civil, chamada de Caritas, investiga na manhã desta segunda-feira suposto desvio de verbas públicas, fraudes em contratos e enriquecimento ilícito de agentes políticos e servidores da prefeitura de Canela e da Câmara de Vereadores local. O presidente da Casa legislativa, vereador Alberi Dias (MDB), foi preso, assim como o Secretário Municipal de Obras e o interventor do Hospital de Caridade da cidade. A Polícia Civil realiza, ainda, o afastamento cautelar das funções públicas do Secretário Municipal de Turismo, do Secretário-Adjunto de Obras e de um servidor da mesma pasta.
Segundo informações preliminares, 176 medidas judiciais deverão ser cumpridas em Canela, em Gramado, Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e Bom Princípio, além de Balneário Camboriú e Itajaí, no litoral catarinense.
Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário a pedido da Polícia Civil em órgãos públicos de Canela, residência de agentes políticos e servidores públicos (CCs) e empresas investigadas por integrarem organização criminosa estabelecida com o objetivo de desvio de dinheiro público, fraudes em contratos e enriquecimento ilícito.
O delegado Vladimir Medeiros, titular da Delegacia de Polícia de Canela e responsável pela operação policial, não revela detalhes da investigação policial, mas informa que é apurado um suposto esquema ilegal no alto escalão dos Poderes Executivo e Legislativo do município, sendo cumpridas medidas judiciais no âmbito da Presidência da Câmara de Vereadores, Secretaria Municipal de Obras, Secretaria Municipal de Turismo e Hospital de Caridade de Canela.
A Polícia Civil de Canela relatou que as investigações começaram em abril, quando se apurava a prática de desvio de materiais de construção do hospital. Desde então, as investigações foram aprofundadas, apurando-se a suposta existência de um esquema de fraude de orçamentos para a contratação com o poder público, em que empresas de fachada ligadas a agentes políticos e servidores públicos venciam as disputas públicas para a realização de serviços para a prefeitura municipal.
A prefeitura disse que a coletiva de imprensa, marcada para esta terça-feira, sobre obras de esgoto e estações de tratamento foi cancelada devido aos últimos acontecimentos. A reportagem entrou em contato com a Câmara de Vereadores de Canela que informou que por enquanto o vereador Alberi Dias não irá se manifestar a respeito da investigação.
Em nota, a prefeitura de Canela informou que "prefeito Constantino Orsolin não foi citado em nenhum momento na operação e não é alvo das investigações policiais, conforme afirmação do delegado responsável pela ação. A Administração Municipal vai acatar as decisões judiciais, não compactua com qualquer tipo de irregularidade e está à disposição para colaborar com as investigações policiais."
Ainda no texto, a administração municipal aponta que "determinações judiciais impostas foram cumpridas e o município está aguardando as medidas cabíveis e aplicáveis na defesa dos interesses públicos e dos envolvidos".
"A Administração Pública está abrindo um processo administrativo interno para apuração dos fatos e sua posterior divulgação à comunidade. Por fim, o prefeito Constantino Orsolin ressalta que foi surpreendido pelo ocorrido, que acredita na boa fé dos servidores e agentes políticos, não compactuando com nenhum tipo de irregularidade que venha a prejudicar a lisura na administração pública. A Prefeitura de Canela segue trabalhando em prol da comunidade", encerra a nota.
Já a Câmara Municipal de Canela informou que, diante dos fatos ocorridos nesta manhã, "os trabalhos da Sessão Ordinária desta segunda-feira, acontecerá normalmente, a partir das 19h, não havendo adiamento por conta da Operação Caritas, realizada pela Polícia Civil, a qual investiga suposto envolvimento do Presidente do Legislativo."
Ainda em nota, a Mesa Diretora informou que, embora o órgão não esteja sob investigação, permanece à disposição das autoridades. "Diante do impedimento deste, assume os trabalhos da sessão e da Câmara Municipal, a Vice-Presidente do Legislativo, Vereadora Emilia Guedes Fulcher", conclui a nota da Câmara.
*Com informações do repórter Lucas Eliel