Pesquisa revela desafios e expectativas em relação à aposentadoria e planejamento financeiro
Fenaprevi divulgou os resultados da pesquisa “A percepção dos brasileiros sobre a necessidade de proteção e planejamento: O papel dos seguros e da previdência, encomendada ao Instituto Datafolha.
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A recente pesquisa conduzida pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), por meio do Instituto Datafolha, apresentada nesta terça-feira, em Porto Alegre, oferece uma visão abrangente sobre as percepções e atitudes dos brasileiros em relação à preparação para o futuro, especialmente no que tange à aposentadoria e ao planejamento financeiro.
Realizada em julho de 2023, a pesquisa “A percepção dos brasileiros sobre a necessidade de proteção e planejamento: O papel dos seguros e da previdência” envolveu mais de duas mil entrevistas com homens e mulheres de diversas regiões do país, abrangendo diferentes faixas etárias, estados civis e classes econômicas, tanto em áreas urbanas quanto rurais.
Durante o evento, o vice-presidente da Fenaprevi, Francisco Alves, destacou a atuação da Federação durante a pandemia, onde foram pagos cerca de R$ 7 bilhões em indenizações para 220 mil famílias e trouxe à tona a importância estratégica do Rio Grande do Sul no contexto dos seguros e da previdência. Ele enfatizou que o Estado se destaca, principalmente no que diz respeito ao seguro de vida, alcançando o primeiro lugar em determinados aspectos e ocupando uma boa posição no panorama geral, figurando em terceiro lugar.
Por fim, o presidente explicou que a intenção da entidade é não somente focar na venda dos produtos, mas também na conscientização sobre a importância do planejamento financeiro e da previdência, especialmente para a classe C e D, que muitas vezes investem mais em loterias do que em planos de previdência, um cenário que poderia ser modificado com maior divulgação e conscientização. E que a pesquisa ressalta a necessidade urgente de um planejamento financeiro mais robusto por parte dos brasileiros, além de uma maior conscientização sobre as opções de proteção financeira disponível, especialmente considerando os desafios que enfrentam ao pensar no futuro.
Em um recorte da região Sul do Brasil, o diretor estatutário da Fenaprevi Ricardo Teixeira mencionou a presença arraigada de uma cultura de origem alemã e italiana, presentes em colônias fortes e conectadas às suas histórias europeias. E o modelo de agronegócio familiar predominante na região sul. Essas características teriam um impacto significativo na forma como as pessoas encaram e planejam suas finanças. Comportamentos que estariam mais inclinados à poupança.
O gerente de pesquisa de mercado do Datafolha, Paulo Alves destacou a percepção mais avançada em termos de produtos de seguro na região sul do Brasil, especialmente em relação à previsão e à organização financeira. Contudo, ele ressaltou que, apesar desse avanço, o grupo que consegue lidar efetivamente com essas questões ainda é relativamente pequeno.
Comparativamente a outros estados, Alves observou uma pequena diferença na capacidade de planejamento na região Sul. Apesar de menos pessoas estabelecerem metas para o futuro, aquelas que o fazem demonstram uma propensão maior a pensar em planejamento, organização e reserva financeira do que em outras partes do Brasil.
Ele também mencionou que a vulnerabilidade social e a instabilidade financeira são fatores cruciais que afetam a capacidade das pessoas de planejar suas finanças. Esse cenário é especialmente marcante para a população de classe C,D e E, que enfrenta alta vulnerabilidade e instabilidade de renda, o que torna o planejamento financeiro mais desafiador.
De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados, compartilhados com a Fenaprevi, de janeiro a setembro de 2023 o setor arrecadou no Estado do RS em prêmios de Seguros de Pessoas R$ 3.702 bilhões, valor 3,5% maior do que o observado no mesmo período no ano anterior. E de acordo com o Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul, atualmente são mais de 4 mil profissionais e mais de 4 mil empresas corretoras no Estado.
Sobre a expectativa e desafios da aposentadoria, os resultados revelaram que cerca de 42% dos entrevistados contam com o INSS para sua aposentadoria, porém, uma grande parcela (66%) desconhece o valor mensal que receberá. Apenas uma minoria tem uma previsão, estimando um valor médio próximo a R$ 2.006,51 ou até mesmo um salário-mínimo.
Mulheres tendem a depender mais do INSS para sua aposentadoria, enquanto homens demonstram mais propensão a confiar na venda ou aluguel de imóveis ou em outros investimentos como fonte de sustento após parar de trabalhar.
A pesquisa também destacou a preocupação de 82% dos entrevistados em planejar suas finanças, sendo que 58% têm objetivos claros para os próximos 12 meses. Dentre as metas financeiras, destaca-se a intenção de poupar e economizar (31%) e trabalhar mais (27%).
No entanto, alguns desafios se apresentam: 4% dos entrevistados vivem apenas o presente sem se planejar, 3% alegam falta de informação, enquanto outros 3% confiam no destino para o futuro.
Reduzir despesas e encontrar maneiras de gerar renda extra são os principais obstáculos mencionados pelos entrevistados para poupar dinheiro. Ademais, um terço deles (33%) apontou que sempre surgem despesas não previstas, dificultando ainda mais o planejamento financeiro.
Também foi destacado na pesquisa que houve um aumento no interesse por modalidades de seguros oferecidos pelo setor, como o seguro de invalidez permanente, que cresceu de 26% para 33%, e o seguro prestamista, que saltou de 17% para 26%, demonstrando uma mudança nas preferências em comparação com pesquisas anteriores.