Em 24 horas, chuva provoca alagamento de ruas, queda de árvores e causa transtorno em Porto Alegre
EPTC interditou vias e bloqueou acessos por conta dos estragos causados pelo temporal
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Porto Alegre ainda tenta amenizar os transtornos causados pela chuvarada que iniciou com mais força na noite de domingo e se estendeu ao longo desta segunda. Às 9h, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) contabilizava dois pontos da cidade com bloqueios totais causados por alagamentos, sete locais bloqueados por acúmulo de água e cinco vias interditadas por quedas de árvores. Motoristas se arriscaram na água, moradores ficaram ilhados e ao menos duas unidades de saúde tiveram problemas de funcionamento na Capital. Mais um ponto da ciclovia da avenida Ipiranga, desta vez no cruzamento com a Silva Só, desmoronou no sentido bairro ao Centro.
O solo também cedeu no cruzamento da avenida Edgar Pires de Castro com Carlos Maximiliano Fayet, bairro Hípica. Ao menos quatro piquetes alagaram no começo da tarde no Acampamento Farroupilha, no Parque Harmonia, redobrando o trabalho para as equipes da GAM3 Parks, concessionária administradora do local. Caminhões foram deslocados para atuar na drenagem, enquanto os piqueteiros observavam o trabalho. Em nota, a empresa afirmou que o alagamento se restringiu a uma quadra do evento, e foi causado principalmente pela obstrução de caixas pluviais, que impediram o escoamento adequado das águas da chuva para a rede pública.
A GAM3 Parks ainda disse que a equipe “agiu imediatamente para minimizar os transtornos causados pelo alagamento”. A Defesa Civil municipal disse ontem pela manhã não ter registro de chamados relacionados à chuva, reforçando somente que os agentes vistoriaram arroios e locais comumente alagáveis. Os alagamentos foram reportados pela EPTC na rua Mariz de Barros com Felizardo Furtado, no bairro Petrópolis, e na avenida João Ferreira Jardim, no Rubem Berta, onde os moradores tiveram residências invadidas pela água. Ali próximo, há um açude onde lixo e animais mortos são depositados irregularmente, afirmam eles.
“Algumas casas aqui estão com mais de 50 centímetros de água. A EPTC colocou cavaletes aqui para bloquear a passagem, mas quando eles saíram os caminhões começaram a passar na água, fazendo com que ela invadisse nossas casas. Queremos ajuda do prefeito”, comentou a dona de casa Cristiane Carrion Penna, moradora da via, e que ontem circulava apenas de meias na enchente. Cedo da manhã, Cristiane precisou tirar de casa no colo o filho cadeirante Nicolas Penna Ribeiro, 24 anos, em razão da água que invadiu o local, e levá-lo para a residência de parentes.
Mesmo com o alagamento, a aposentada Marina Machado Borges não deixou de honrar o compromisso diário de alimentar seis cães adotados pelos moradores, e que foram adotados há cinco anos. “Eles precisam muito”, afirmou ela, antes de caminhar na água levando um saco de comida caseira. Os acúmulos de água foram nas avenidas Dona Sebastiana, São Salvador, Gen. Emílio Lúcio Esteves, Voluntários da Pátria com rua Adelino Machado de Souza, Sarandi com Rua Ararás e rua Alberto Rangel.
Já as quedas de árvore foram na avenida Cel. Marcos, na Vila Conceição, nas ruas Álvares Machado com Felipe de Oliveira, no Petrópolis, Max Juniman, no Humaitá, em uma área de condomínios populares onde passam ao menos quatro linhas de ônibus, e que precisaram mudar de itinerários em razão do bloqueio, alem da Hoffmann, junto à Cristóvão Colombo, no bairro Floresta. Nesta última, o vegetal caiu sobre a rede elétrica, provocando luz em meia fase em um edifício. “É preciso haver um trabalho mais preventivo para que isto não ocorra. Como não houve vento, estas árvores caem devido ao peso da água acumulada”, comentou o síndico de outro prédio próximo, Ângelo Marins.
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A unidade de saúde Glória, no bairro de mesmo nome, abriu às 8h, com uma hora de atraso, e na unidade São Borja, referência para 4,5 mil moradores do bairro Sarandi, a câmara onde são armazenadas vacinas acusou erro de temperatura, provavelmente por queda de energia elétrica ainda no sábado, segundo disse o gerente Thiago Kroth. “Hoje (ontem) pela manhã, a temperatura dela estava em 18 graus, o que é incompatível com o armazenamento, que deve ser entre dois a oito graus. Com isso, os imunobiológicos estão sob suspeita, e até segunda ordem, a sala de vacinas está fechada. Orientamos os usuários a procurar a unidade Assis Brasil, que é a mais próxima”, afirmou Kroth. As vacinas encaminhadas para análise da Vigilância em Saúde incluem unidades de imunizantes do calendário de rotina, influenza e pentavalente.
De acordo com o monitoramento da Agência Nacional de Águas (ANA), a régua de medição do Cais Mauá, no Centro Histórico, havia anotado 61,6 milímetros apenas nas 24 horas anteriores ao começo da manhã de ontem, o que elevou o nível do Guaíba em 19 centímetros em um período de sete horas. A MetSul Meteorologia havia alertado que apenas a chuva desta semana deve superar a média de precipitações do mês de setembro na Capital, com volumes “excessivamente altos”, advertiu a consultoria. Ao longo do dia, a chuva é de 150 milímetros até o começo da manhã de hoje, conforme o modelo meteorológico europeu, ainda segundo a MetSul.