Perspectiva de mais chuva nesta quarta volta a preocupar moradores de Caraá
Município com cinco mortes pelo ciclone da semana passada está com trabalhos de reconstrução em andamento
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A previsão de chuva para esta quarta-feira traz nova preocupação aos moradores do Litoral Norte e Região Metropolitana, já assolados pela chuvarada e subida de rios e arroios após o ciclone extratropical entre quinta e sexta-feira da semana passada. O saldo de mortes pela passagem do fenômeno chegou a 16, sendo cinco em Caraá, o município mais afetado pela tormenta. Enquanto isso, na cidade, o trabalho continua no gabinete de crise montado pela Prefeitura e órgãos de apoio, como Defesa Civil Estadual e Nacional, Exército e Brigada Militar.
Já as buscas a desaparecidos estão encerradas. Conforme a Defesa Civil Estadual, seguem hoje as 1.514 pessoas desabrigadas e 14.605 desalojadas no Rio Grande do Sul, mesmo número de domingo. “A situação preocupa, pois muitos estavam com os móveis fora de casa na tentativa de limpar, secar e salvar algo. Seguimos recebendo itens que vão chegando, e organizando a logística da distribuição, com apoio do Exército”, afirmou o jornalista Bolívar Gomes, ex-vereador de Caraá e assessor da Casa Civil Estadual.
Segundo ele, a maior necessidade do município no momento é de material escolar. Ainda há localidades inacessíveis por via terrestre, como Alto Pedra Branca, onde há ao menos três pontes quebradas. “É um local com bastante dificuldade e acesso bem precário”, pontuou ele. No final de semana, a Prefeitura abriu caminho em estradas vicinais pela localidade do Arroio do Carvalho, onde há uma ponte do mesmo nome, que caiu com a chuva. O acesso alternativo em questão fica ao lado desta.
A enfermeira Maricel Dittrich e a médica da família Tuany Rodrigues, que atuam em Caraá, estiveram no interior do município via helicóptero da BM para entregar medicamentos para 30 dias e para cerca de 17 famílias. “Conseguimos caixas de gelo para poder conservar estes remédios, e conforme ele vai derretendo, vamos trocando”, afirmou Tuany. A médica trabalha no posto de saúde da localidade do Rio dos Sinos, que foi destruído com o ciclone. De acordo com ela, o município está com um projeto de trazer psicólogos e psiquiatras de fora da cidade para ajudar em questões de saúde mental à população, por meio de atendimentos online.
No entanto, para isto, será preciso reestabelecer a energia elétrica e o sinal de Internet em muitos locais onde ainda não há. “Caraá é um município onde temos muitos problemas para a parte mental. Muitos depressivos e ansiosos, por ser um município pequeno. Inclusive um dos medicamentos que levei são antidepressivos de uso contínuo”, conta Tuany. “Na Pedra Branca, muitos pacientes vieram, me abraçaram e choraram, então sentamos e conversamos como se fôssemos a família deles. Mas eles estão bem. Abraçamos e acolhemos. Vamos conseguir superar isto”.