Chuva, poças e piquetes lotados marcam sábado no Acampamento Farroupilha

Chuva, poças e piquetes lotados marcam sábado no Acampamento Farroupilha

Visitantes aproveitaram para se abrigar na tenda dos artesanatos

Jessica Hübler

Botas cumpriram seu papel no atravessamento das grandes piscinas que se formaram no local

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O sábado do Acampamento Farroupilha 2017 foi marcado pelas fortes chuvas, poças e piquetes lotados. Por conta disso, as ruas do Parque Harmonia não apresentavam tanto movimento quanto no final de semana anterior. Quando era possível avistar um gaúcho, ele estava com guarda-chuva ou capa, para se proteger da água. As botas, que acompanham as bombachas na vestimenta gaúcha, cumpriram seu papel no atravessamento das grandes piscinas que se formaram no local.

Os visitantes aproveitaram para se abrigar na tenda dos artesanatos, que é coberta. Vendedores dos mais diversos itens, sejam tradicionalistas ou não, viram suas bancas ficarem cada vez mais movimentadas por conta do clima. A técnica de pirografia, que é um processo de desenhar em um pedaço de madeira com uma ponta de metal quente, também chamou a atenção daqueles que passavam na tenda do artesanato. Com um pequeno instrumento, é possível gravar nomes ou figuras na ponta dos espetos e também nas tábuas para churrasco.

Na tenda do artesanato, também foi possível conferir uma novidade este ano. Uma oficina de afiação de facas, promovida pela empresa francesa Carborundum. Pela primeira vez no Acampamento Farroupilha, o vendedor externo da empresa, Gerson Dresch, se surpreendeu com o movimento no estande.

“Temos oficinas de hora em hora, com pelo menos cinco participantes. Desde o início da programação, não teve uma oficina vazia”, disse Dresch. Segundo ele, por conta do movimento, a expectativa é que as técnicas de afiação sejam oferecidas ao público nas próximas edições do evento. “Ensinamos a afiação de facas em pedras. Qualquer tipo de faca pode ser afiada com esta técnica”, explicou.

E pelas ruas do Parque Harmonia, um personagem curioso e histórico também foi visto. Marco Aurélio, O Repentista, cantor tradicionalista que participa da programação do Acampamento Farroupilha desde 1982, estava pilchado, com chapéu e também segurava seu guarda-chuva. “A chuva até atrapalha, mas não adianta, setembro é isso aí, já faz parte do Acampamento”, afirmou.

Começou a participar do Acampamento por conta da sua amizade com Curt Alfredo Guilherme Zimmermann, criador do evento e Heraldo de Carvalho, responsável, por muitos anos, pela parte gauchesca do Acampamento, Dos 43 anos de carreira, Marco Aurélio dividiu os palcos durante pelo menos uma década com o também cantor tradicionalista Gildo de Freitas, que faleceu em 1982. “Conheci o Gildo quando fui a um show dele. Nos tornamos grandes amigos e ele foi meu companheiro na música tradicionalista até a hora da morte”, disse. Com nove CDs e um DVD, Marco Aurélio nunca deixou de frequentar o Parque Harmonia. “Todo ano, pelo menos uma vez, passo por aqui para fazer um show com meus versos no improviso”, contou.

Outro parceiro histórico que Marco Aurélio sempre admirou foi o payador e poeta Jayme Caetano Braun, que foi homenageado com um monumento no Parque Harmonia. Marco Aurélio ainda guarda, em seu celular, uma foto de um dos dias em que se juntou a Braun para tocar. “Sempre admirei ele, principalmente porque viveu da mesma arte que eu vivo, além de ter sido meu grande amigo”, ressaltou.

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