Protetores de animais abandonados sentem as dificuldades das baixas temperaturas

Protetores de animais abandonados sentem as dificuldades das baixas temperaturas

Cuidadores relatam queda das adoções e aumento dos custos para alimentação e tratamentos

Felipe Faleiro

Adriana Tavares é uma das voluntárias do projeto AuQueMia Proteção Animal, em Alvorada

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Animais domésticos sentem tanto frio quanto os seres humanos, conforme é relatado pela ciência. No entanto, há uma diferença fundamental entre ambos, pois, na grande maioria das vezes, se não todas elas, os pets não têm a capacidade de encontrar abrigos quentes contra as baixas temperaturas sozinhos sem o auxílio de uma pessoa. Aqui entra a figura dos protetores de animais, que buscam em meio às adversidades do clima, tratar daqueles que tanto amamos com roupas, alimento e carinhos. Assim, o frio potencializa as dificuldades destes locais.

Um deles é o AuQueMia Proteção Animal, fundado há quase quatro anos, e que agrega 21 voluntários. Grande parte dos quase 60 animais para adoção, entre cães e gatos, está na residência da funcionária pública Adriana Tavares Medeiros, no bairro Stella Maris, em Alvorada. O projeto atende Porto Alegre e Região Metropolitana. Segundo ela, a crise financeira afetou diretamente as atividades do local. “Com ela, as ajudas diminuíram muito, as adoções também caíram bastante e o número de animais abandonados triplicou”, diz.

Os pets resgatados ficam nas casas dos voluntários até que sejam adotados, e, segundo ela, a tendência de queda de adoções, bem como o crescimento no abandono, ocorre da mesma forma em outros estados, e independente de raça. Os animais resgatados são levados para uma clínica, e a dívida com ela supera R$ 6,2 mil. Soma-se a isto R$ 7,8 mil que o projeto deve para uma agropecuária parceira desde o início do projeto.

Adriana conta que o trabalho do AuQueMia não termina quando um animal é adotado, pois há um acompanhamento permanente dele. “Damos para nossos adotantes todo o suporte com dicas para adaptação, assim como temos um adestrador parceiro”, conta. Em Águas Claras, distrito de Viamão, o zelador Paulo Goulart mantém um sítio, no qual acolhe quase 200 animais, entre cães, gatos e cavalos.

“Nossa maior luta é pelo alimento de todos”, diz ele, protetor há 25 anos. Paulo, a esposa Margarete Goulart, e os filhos Iago e Igor cuidam do projeto, que não tem nome oficializado. “Com muito custo”, conta Paulo, a família pôde se mudar para o sítio, já que antes eles pagavam aluguel. “O que está no nosso alcance, conseguimos fazer, como o cuidado e o tratamento. Só que, por causa do frio, muita coisa acaba faltando. Estou sempre endividado nas agropecuárias”, relata. Antes de encaminhar para adoções, os animais são castrados.

“Nosso projeto é feito no amor. Não temos nenhum ganho governamental, então tudo temos que ir à luta. Muitas vezes, os amigos nos ajudam”. A história de Paulo com os animais começou quando ele tinha apenas nove anos, quando sua mãe faleceu e ele foi morar com a madrasta. “Comprava os animais das pessoas que queriam matá-los com o dinheiro da venda de materiais recicláveis. Dava meu dinheiro que ganhava do trabalho do dia todo só para levar ele para casa. Só que meu pai descobria e mandava eu me desfazer, aí tentava entregar para os vizinhos”.

O projeto Vira-Latas de Raça tem sede no bairro Azenha, em Porto Alegre, abrigando 80 cães e nove gatos, resgatando, castrando e acolhendo. “Nestes dias de mau tempo, não conseguimos dar conta de manter cobertas e panos limpos”, afirma Gabriel Brasil, um dos dez voluntários do espaço, e professor de História na rede estadual. Conforme ele, o consumo de ração aumenta de maneira considerável no inverno, e o alimento em si está mais caro.

“Corremos atrás de alternativas para complementar a ração, e mesmo assim saímos perdendo na questão do gás, que também aumentou”. Ainda conforme ele, a combinação de baixas temperaturas e alta umidade tem sido um agravante nos cuidados. “Temos que estar sempre atentos para que nenhum dos animais adoeça. Nos viramos do jeito que dá. Onde precisa de isolamento térmico, forramos com caixas de leite”.

Como ajudar os locais

AuQueMia

A melhor forma de ajudar o projeto, segundo a voluntária Adriana Tavares, é comprando os produtos da marca própria, como camisetas, canecas, cuias, ou apadrinhando um animal até sua adoção. Há ainda uma vaquinha online para ajudar no tratamento veterinário da pug Chimia. O endereço é vaka.me/2804771. No Instagram, o projeto é @auquemiaprotecaoanimal.

Paulo Goulart

Mais informações e formas de ajudar podem ser obtidas pelo telefone (51) 98462-5271, ou pelo Instagram @paulogoulart_animais. Conforme ele, o custo para manter o local gira em torno de R$ 10 mil por mês.

Vira-Latas de Raça

O contato no Instagram é o @viralatasderacars, onde as ações são divulgadas. O projeto precisa de cobertores, ração, arroz, farinha de milho, produtos de limpeza e itens para brechó. Estes são vendidos e os recursos pagam um funcionário e clínicas parceiras. O próximo brechó é neste sábado, das 10h às 17h, na avenida Erico Verissimo, 1340, bairro Azenha, em Porto Alegre.


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