Hospital de Clínicas está com a emergência pediátrica superlotada em Porto Alegre

Hospital de Clínicas está com a emergência pediátrica superlotada em Porto Alegre

De acordo com instituição, trinta crianças são atendidas nas nove vagas existentes

Correio do Povo

HCPA informa que está com a emergência pediátrica superlotada

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O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) informou nesta terça-feira que está com a emergência pediátrica superlotada. De acordo com a instituição de saúde, 30 crianças são atendidas em nove vagas existentes. Por conta da alta demanda, o Hospital de Clínicas recomenda aos pais e responsáveis que procurem unidades básicas de saúde ou prontos atendimentos da Capital. 

A situação das emergências pediátricas superlotadas não tem sido exclusividade do Hospital de Clínicas. Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), o atendimento além da capacidade também ocorre hoje no Hospital da Restinga, onde há seis leitos e 14 crianças sendo atendidas. No Hospital Santo Antônio, da Santa Casa, o quadro se repete, com 11 vagas disponíveis, mas 15 pessoas do público infantil necessitando serem atendidas. 

Com a reabertura após períodos mais graves da pandemia da Covid-19, a volta às aulas e a maior circulação, doenças comuns em crianças no período de inverno chegaram mais fortes e antes do esperado. “Tivemos durante a pandemia uma ‘folga’. Houve a falsa ideia que talvez os vírus abandonassem as crianças. A imunidade delas é feita aos poucos. As crianças pegam de oito a 12 doenças virais por ano, com isso tendo uma imunidade melhor. Por terem ficado isoladas com os pais em casa, elas postergaram essa imunidade”, explicou em entrevista ao Correio do Povo na semana passada a pediatra e diretora do Simers, Anice Metzdorf.

Parecer da Sociedade de Pediatria 

O presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Sérgio Amantea, observou que ciclicamente "convivemos com uma doença aguda que acomete a assistência pediátrica. "Inicia pela emergência, vai se espalhando pelas unidades de internação e culmina com o cuidado prestado nas unidades intensivas. É um distúrbio grave, que transcende nossa realidade local e assume preocupação epidêmica para aqueles que convivem com estações de clima mais frio. Diferentemente do que deveria ser feito, medidas preventivas adequadas não são adotadas", lamentou.

Na avaliação de Amantea, as melhorias atreladas à saúde da população infantil, frequentemente utilizadas como justificativas para rearranjos assistenciais, não são suficientes para justificar o “encolhimento” da rede pediátrica. "Estratégias adotadas nesta linha visando garantir a própria sobrevivência, desequilibram todo o sistema de saúde que já é insuficiente", atestou. 

Segundo ele, na rede de urgência e emergência, a primeira a ser impactada, é preciso discutir o porquê do colapso diário que vem sendo apresentado. "Numa rede de vasos comunicantes, a sobrecarga setorial é compensada por vias alternativas. Possuímos profissionais em número adequado nos prontos atendimentos e por que isso não acontece? Salas de observação possuem retaguarda adequada de leitos pediátricos e assistência intensiva? Existe acesso pediátrico facilitado na rede de postos? O interior possui investimentos para casos mais complexos? Se o problema é financiamento, precisa ser equacionado. Os modelos atuais do gestor público, das operadoras de saúde ou instituições de saúde, não funcionam", assinalou.

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Amantea disse que o país foi criativo em gerir e financiar espaços para assistência durante a pandemia, período, em que a saúde das crianças foi menos impactada que a dos adultos pela Covid-19. "A ineficiência de nossa rede assistencial (pública e privada) foi silenciosamente agravada por um fenômeno de encolhimento. Estamos agora vendo o resultado da desestruturação de serviços e de leitos e o impacto da adoção de diferentes políticas de contratação e remuneração pela atividade profissional na pediatria. Crianças não são adultos pequenos e suas necessidades assistenciais são tão grandes quanto a dos adultos", atestou, acrescentando que "a doença é grave, tem diagnóstico e necessita de medidas curativas imediatas, além de um planejamento preventivo para que não voltemos a discuti-la no próximo ano".

De acordo com boletim Covid-19 mais recente divulgado pelo HCPA nesta terça-feira, duas crianças estão na emergência pediátrica com suspeita da doença. Outras duas estão internadas com confirmação para o coronavírus e uma outra se encontra na Unidade Terapia Intensiva (UTI) também com suspeita de ter contraído o Sars-CoV-2.  


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