Especialistas destacam avanços científicos na pandemia no Dia Mundial da Saúde
Tema escolhido para este ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é "Nosso Planeta, Nossa Saúde"
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A boa cobertura vacinal no Brasil contra a Covid-19 e a redução das internações e de mortes em decorrência da doença formam um cenário promissor para os próximos meses. E no Dia Mundial da Saúde, celebrado todos os anos em 7 de abril para marcar o aniversário da fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, especialistas destacam as conquistas e os avanços científicos obtidos em tempo recorde durante a pandemia, os novos desafios que se impõem aos profissionais de saúde de todo mundo - o atendimento de uma demanda represada de pacientes com outras patologias - e a importância da vacinação para impedir o surgimento de novas variantes e erradicar a doença.
Diante da atual pandemia, da poluição do planeta e da incidência crescente de doenças, o tema escolhido pela OMS é “Nosso Planeta, Nossa Saúde". No Dia Mundial da Saúde 2022, o objetivo é colocar a saúde das pessoas e do planeta no centro das ações, com foco no bem-estar. A iniciativa propõe a reflexão sobre os desafios ambientais na saúde das pessoas, principalmente após o enfrentamento da pandemia de Covid-19, que deixou mais de 6,16 milhões de mortos no mundo, de acordo com dados do Our World in Data. Desse total, no Brasil, pelo menos 660 mil pessoas perderam a vida por conta da doença.
Para o professor de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Petry, uma das grandes lições da pandemia foi mostrar a importância da ciência. “Um exemplo disso foi a descoberta das vacinas em tempo recorde. As vacinas contra a Covid-19 foram disponibilizadas em um ano praticamente, o que é uma coisa impressionante em termos científicos. Então isso é uma vitória da ciência frente a um problema de saúde emergente, que surgiu sem que nós esperássemos”, avalia. Com a disseminação do vírus, o especialista ressalta que a comunidade científica teve 'que sair atrás' de respostas. “O que se viu foi o mundo inteiro estudando a mesma coisa, a vacina, o que era esse vírus, como tratar”, frisa.
Sobre a possibilidade de o Dia Mundial da Saúde simbolizar o começo da retomada da normalidade no país, Petry afirma que os dados epidemiológicos apontam para o declínio da pandemia no Brasil e no RS especialmente. “Notamos diminuição de internações, de ocupação de leitos, tanto clínicos e de terapia intensiva, e de mortalidade. As médias móveis têm diminuído sistematicamente. A continuarmos nesse ritmo, estamos perto do final (da pandemia), sem dúvida. O grande medo é a possibilidade do surgimento de uma nova variante. E essa possibilidade não é zero”, alerta.
Além de exaltar o trabalho dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), o epidemiologista afirma que é importante levar saúde a toda população. “Outra lição da pandemia é compreender que não somos uma ilha. Não adianta eu ter uma boa casa, um bom convênio, estar protegido se meu entorno não está”, compara. Mesmo com cenário epidemiológico otimista para o Brasil, Petry chama atenção para a ampliação da cobertura vacinal em outros países. “Por exemplo, têm países africanos com menos de 10% da população vacinada, isso é muito ruim. E a lição dessa pandemia é que nós devemos cuidar de todos. Nós já estamos aqui na quarta dose e os africanos não têm uma dose em grande parte da população, e isso é negativo”, observa.