Fornecedor de 55% das vacinas aplicadas em crianças, Butantan tem milhões de doses paradas

Fornecedor de 55% das vacinas aplicadas em crianças, Butantan tem milhões de doses paradas

Instituto aguarda interesse do Ministério da Saúde para entregar novos lote

R7

Butantan ofereceu no fim de janeiro 30 milhões de doses do imunizante

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Apesar de ser o responsável pelo fornecimento de mais da metade das doses contra a Covid-19 aplicadas em crianças de 5 a 11 anos no país, o Butantan está há quase vinte dias sem resposta do governo para a compra de novos lotes da Coronavac.

O instituto ofereceu no fim de janeiro 30 milhões de doses do imunizante, 10 milhões com entrega imediata e outros 20 milhões no período de até 25 dias. Desde então aguarda uma resolução para o impasse. Segundo a assessoria de imprensa do Butantan, há tratativas, mas não existe ainda um contrato.

De acordo com o painel de vacinação do Ministério da Saúde, das 3.668.751 doses aplicadas para esse público até a sexta-feira (11), 2,04 milhões são da CoronaVac (55,6%). A Pfizer é o laboratório responsável por quase todas as outras vacinas, mas há registros de uso da Oxford/AstraZeneca, não autorizada para essa faixa etária.

Em janeiro, quando ainda estava em discussão pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a aprovação da imunização infantil com o CoronaVac, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que as doses que já estavam com os Estados poderiam ser usadas. Ele, no entanto, não anunciou novas compras.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, já reclamou publicamente que a pasta parecer ter má vontade com a Coronavac. Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a vacina, desenvolvida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. 

Queiroga afirmou em setembro de 2021 que o governo não compraria mais vacinas sem registro definitivo na Anvisa, como é o caso da Coronavac. O Butantan só fez o pedido emergencial.

Bolsonaro também questionou a necessidade de vacinação infantil ao espalhar informações falsas sobre possíveis problemas causados pelos imunizantes e defendeu, endossado pelo ministro da Saúde, a obrigatoriedade de receita médica para a liberação da vacina.

Pfizer lidera entre jovens de 17

Em janeiro, o instituto paulista pediu autorização para a Coronavac ser injetada em crianças e jovens de 3 a 17 anos. A Anvisa, no entanto, aceitou apenas a aplicação a partir dos 6 anos de idade.

Se a divisão no painel de vacinação do país for feita com o recorte de 5 a 17 anos, a Pfizer toma a ponta com larga vantagem, com 92% das 28,7 milhões utilizadas. Isso porque foi aprovada para jovens acima de 12 anos muito antes, em julho de 2021.

A partir de janeiro, antes da Coronavac, a Pfizer começou a ser dada às crianças brasileiras.

São Paulo vacina mais crianças

Talvez por ter mais doses da Coronavac em seus estoques, o Estado de São Paulo vacina mais rápido e atende proporcionalmente mais crianças de 5 a 11 anos que todo o país.

Das 357 milhões de doses aplicadas para todos os brasileiros e registradas no Localizasus até sexta-feira, 91 milhões, ou 25%, foram de São Paulo. A cota nacional quando o público se restringe a meninos e meninas de até 11 anos sobe para 36%.

O Amapá, na lanterna da campanha infantil, aplicou 70% de suas 4.809 injeções com a solução da Pfizer. O restante é CoronaVac. O Estado da região Norte do Brasil aplicou 0,13% de todas as doses para crianças, metade dos 0,26% que atingiu entre todos os públicos.

Curioso na conta é que, conforme dados de um estudo do IBGE, o Amapá tem mais crianças percentualmente que São Paulo, o que deveria ter aumentado seu peso na vacinação nacional no momento em que a imunização avançou para essa faixa etária.

No Brasil inteiro, também segundo as projeções do IBGE, 9,5% dos brasileiros têm entre 5 e 11 anos.

A Secretaria de Saúde de São Paulo explica a velocidade na vacinação infantil dizendo que o Estado foi o primeiro a iniciar a imunização de crianças no país, no dia 14 de janeiro. Além disso, a pasta tem promovido mutirões de aplicações, como o Dia C, que ocorreu no sábado (5) para ampliar a cobertura vacinal. 


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