"Estamos ainda num momento de ascensão das hospitalizações e de óbitos", alerta infectologista
Confirmação da circulação da subvariante BA.2 da ômicron no país reforça a necessidade de ampliar a vacinação
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Com mais de 450 mil novos casos do novo coronavírus registrados em 40 dias, as hospitalizações e o número de mortes por conta da Covid-19 se mantêm em patamar elevado no Rio Grande do Sul. A confirmação da circulação da subvariante BA.2 da ômicron no país reforça a necessidade de ampliar a vacinação - principalmente entre as crianças - para impedir o aumento de novos casos da doença.
Além das medidas não farmacológicas, como uso de máscaras de proteção, especialistas alertam para a importância de a população concluir o esquema vacinal. Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, Alexandre Zavascki afirma que o crescimento das internações ainda é reflexo da explosão de casos confirmados em janeiro. Nesta quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou mais de 16 mil novos diagnósticos confirmados - além de 94 óbitos.
"Estamos ainda num momento de alta dos casos, com ascensão das hospitalizações e agora do nível de óbitos. A questão da subvariante é que ela consegue ser ainda mais transmissível do que a ômicron original. Se ela começa a ter uma nova disseminação pode, eventualmente, infectar pessoas que recentemente tiveram infectadas pela ômicron. Ou seja, é aumentar uma taxa de contaminação num nível já alto. É bastante difícil de prever a questão do impacto (no sistema de saúde", destaca. Conforme a SES, 1.945 pacientes estavam hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), dos quais 571 com Covid-19.
Diante do número elevado de casos diários de Covid-19 registrados no Estado, Zavascki explica que as pessoas com imunização completa têm risco 'muito menor de progressão para a doença grave', independente da variante. Por conta disso, reforça a importância da vacinação.
O esquema vacinal hoje é composto por três doses. E essas três doses têm feito muita diferença para o risco de agravamento, em termos de proteção, sobretudo na população idosa ou com comorbidades, com alguma doença associada ou doença que leva à imunossupressão", frisa.
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O infectologista ressalta que o esquema vacinal completo faz muita diferença para conter o avanço da pandemia e os riscos da infecção. "Da segunda dose para a primeira tem um aumento muito grande na proteção. Da segunda para a terceira, esse aumento é muito maior, porque a terceira dose oferece uma proteção significativamente maior, não só para o agravamento (da doença), mas para o próprio risco de infecção", observa.
O especialista ressalta a importância da intensificar a vacinação entre as crianças por conta da alta transmissibilidade da ômicron. "Se vê um crescimento de atendimentos e de internações para crianças", salienta. "É fundamental (a vacinação). Tanto a ômicron original ou a subvariante, que já estão circulando, podem ter volume de infecções, mesmo que numa proporção menor de agravamento, e levar muitas crianças a hospitalização e até a morte", alerta.
Para quem minimiza os efeitos da doença e faz campanha contra a vacinação, Zavascki destaca um estudo da revista científica 'Nature Medicine', com mais de 100 mil pacientes. Para o infectologista é preciso olhar para os efeitos a longo prazo da Covid-19, principalmente para eventos cardiovasculares.
"O que esse estudo mostrou é que existe aumento de riscos para todos os eventos cardiovasculares, seja AVC, infarto, miocardite, pericardite. E esse risco varia de 50% e pode chegar a algumas situações a 400% a mais se não tivesse pegado Covid-19".