Alvará vencido não impedia funcionamento da Boate Kiss, afirma bombeiro
Depoimento do bombeiro militar Gerson da Rosa Pereira já dura mais de quatro horas
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Com informações dos repórteres Paulo Tavares e Sidney de Jesus
Passadas mais de quatro horas de depoimento, o bombeiro militar Gerson da Rosa Pereira, afirmou que mesmo com o alvará vencido, em razão da lei da época, não havia nenhum impedimento para a Boate Kiss funcionar. "Pelo que exigia a norma, ela oferecia de acordo com aquele alvará que nós tínhamos, e que embora estivesse vencido, aí é opinião pessoal minha, hoje não funciona, mas naquela época funcionava, não era objeto de interdição", disse a terceira testemunha ouvida nesta terça-feira no julgamento.
Segundo Pereira, a legislação mudou após a tragédia de Santa Maria, em 2013. "Teve uma revisão em uma série de lugares. A gente acredita que as coisas têm segurança. Orientava os meus filhos quanto à segurança. Minha filha frequentava a Kiss. Ela e um dos meninos que iria lá acabaram não indo. A dor que os pais sentem hoje eu entendo", disse emocionado.
O advogado Jader Marques, defensor de Elissandro Spohr, mostrou uma reportagem feita com Pereira logo após o incêndio. Os vídeos reproduzem programas de entrevistas que questionam a ausência de mais uma porta de saída na boate. Na época, segundo Pereira, havia a norma que deveria ter uma porta, não exigindo uma saída de emergência. "Os bombeiros aplicavam a norma. Para aquela estrutura e para aquele alvará, o imóvel apresentava o que era exigido". Após esta resposta, o coronel do Corpo de Bombeiros explicou os trâmites e documentação necessários para classificar o tipo de imóvel e, a partir dali, o sistema gerava um indicativo para que o dono do estabelecimento cumprisse a norma.
Sobre a necessidade de treinamento de pessoas na prevenção e combate a incêndio, o bombeiro afirmou que na Boate Kiss, "com aquela área deles, seriam no mínimo duas pessoas com treinamento." Em relação a extintores de incêndio, Pereira explicou que a localização desses equipamentos é definida pelo responsável técnico, o engenheiro encarregado pelo plano de prevenção, com base na norma.
Questionado se um foco de incêndio, que teria, como exemplo, o tamanho de um CD, poderia ser apagado com um extintor, ele disse que seria difícil com os aparelhos que existiam na Kiss. "Minha interpretação é que, pela temperatura, pelo gás tóxico, pela queima da área, seria difícil com os extintores que existiam lá. Princípio de incêndio se dá em um minuto. Acima de um minuto a queima já é muito rápida", explicou.
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