Levantamento diz que 39 pessoas receberam vacinas de fabricantes diferentes em Porto Alegre

Levantamento diz que 39 pessoas receberam vacinas de fabricantes diferentes em Porto Alegre

Situação ocorreu com mais de 16 mil brasileiros, segundo o Ministério da Saúde

Christian Bueller

Maioria dos casos são de pacientes que receberam inicialmente a vacina AstraZeneca/Oxford e, depois, a Coronavac

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Logo após receber a aplicação da dose de vacina contra a Covid-19, cada pessoa recebe um comprovante em que consta a data, o nome do fabricante do imunizante e o respectivo lote. No entanto, casos de intercambialidade de doses, quando a segunda é diferente da primeira, não deixaram de ocorrer no país. Segundo levantamento recente do Ministério da Saúde, a situação aconteceu com mais de 16 mil brasileiros. Em Porto Alegre, foram 39 casos.

Conforme os números do ministério, com base em dados do Data Sus, a maioria dos casos são de pacientes que receberam inicialmente a vacina AstraZeneca/Oxford e, depois, a Coronavac. No entanto, aplicações de fabricantes diferentes não completam a imunização contra a doença, como explica o coordenador da Vigilância em Saúde da Capital, Fernando Ritter. “Não há relatos de problemas clínicos ocasionados às pessoas que passaram por isso. Mas, desta forma, elas não puderam completar o esquema vacinal e estarem imunizadas de fato”. 

Quem passou por esta situação terá que esperar por nova orientação do Ministério da Saúde. Até lá, não poderá ser aplicado nem pela AstraZeneca, nem pela Coronavac, muito menos pela Pfizer, diz Ritter. “Somos orientados a não aplicar três vezes uma pessoa porque não sabemos o que vai acarretar. Estudos pelo mundo são realizados neste sentido, mas não há nenhuma confirmação para que alguém receba uma terceira dose”.

O coordenador observa que o caso é tratado como erro vacinal, independente da causa que o provocou. “Pode ocorrer por enganos cometidos por técnicos, eventualmente, algum erro no registro da vacina. Além de pessoas que podem ter feito propositalmente”, lembra Ritter, ao cita uma investigação em curso a respeito da possibilidade de quatro estudantes de Medicina da PUCRS terem burlado o sistema é recebido doses de imunizantes diferentes de forma intencional. “Não cabe a nós julgar porque há, mesmo, casos de não intencionalidade, ainda não há confirmação sobre a causa do ocorrido com os alunos”.

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Os quase 40 casos detectados na Capital na semana anterior são considerados baixos proporcionalmente em relação às doses recebidas, segundo Ritter. “Em números absolutos, parece bastante, mas Porto Alegre já passou de 850 mil primeiras e segundas doses, dá menos de 0,1%. É algo que pode acontecer”, esclarece.

O coordenador de Vigilância em Saúde recomenda a verificação do comprovante de vacinação no momento da imunização. “As pessoas precisam prestar atenção nisso. Como queremos vacinar a todos o quanto antes, às vezes, a equipe pode se passar. Aqui na Capital, ninguém mais vacina sem que antes se olhe o sistema. É um processo muito mais seguro e controlado. Antes, bastava a apresentação da carteirinha”, relata.

A Secretaria da Saúde (SES/RS) informa que segue o preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações, para que não seja realizada uma terceira dose e que a pessoa seja acompanhada por 30 dias após a vacinação para verificar possíveis efeitos prejudiciais à saúde. “Assim sendo, por não se enquadrar nos registros de Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) que a SES mantém monitoramento (como são os casos de sintomas após a dose ou outros tipos de erros operacionais) não há levantamento desse número do Rio Grande do Sul”, disse o órgão, por nota. 


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