Fiocruz detecta alterações inéditas em variantes que circulam no país

Fiocruz detecta alterações inéditas em variantes que circulam no país

Estudo mostra que linhagens brasileiras estão seguindo mesmo caminho evolutivo das cepas encontradas na África do Sul e no Reino Unido

Correio do Povo

Fiocruz detecta alterações inéditas em variantes que circulam no país

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Cientistas da Rede Genômica Fiocruz divulgaram nesta terça a detecção de alterações inéditas em variantes do coronavírus que já circulam no Brasil. As modificações na proteína Spike, associada à capacidade de entrada do vírus, seguem o mesmo caminho evolutivo das cepas encontradas na África do Sul e no Reino Unido. "As mutações agora alcançaram outro importante ponto da proteína viral, o domínio NTD, que é reconhecido por alguns anticorpos neutralizantes específicos”, apontou Gabriel Wallau, que integra o Núcleo de Bioinformática da Rede Genômica e é pesquisador do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-Pernambuco), em nota.

A proteína Spike é um dos principais alvos dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo para bloquear o vírus. As modificações que ocorreram no domínio amino (N)-terminal (NTD) podem dificultar a ligação com anticorpos e, assim, promover o escape imunológico do vírus no corpo humano. Os cientistas, no entanto, adiantaram que dados experimentais complementares são necessários para testar essa hipótese nas linhagens que circulam no país.

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Domínio das variantes 

Na avaliação do pesquisador Tiago Gräf, do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia), a atual condição do Brasil pode ser tomada por um novo cenário, com o domínio das variantes do coronavírus. "A pandemia este ano, no país, será provelmente dominada por esse novo e complexo conjunto de variantes”, afirmou.

De acordo com a Fiocruz, 11 sequências genéticas apresentaram deleções (quando parte de um cromossomo é perdida) na região inicial da proteína e em quatro ocorreu a inserção de alguns aminoácidos. Os resultados foram obtidos a partir de sequenciamento genético de amostras de pacientes de sete estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia, Minas Gerais e Alagoas.

Uma amostra coletada no Amazonas apresentou deleção em sequência genética ligada à linhagem B.1.1.28. Quatro amostras da Bahia, duas de Alagoas e uma do Paraná apresentaram perdas em sequências caracterizadas como linhagem P.1. Uma amostra de Minas Gerais apresentou a alteração na linhagem P.2. Duas amostras do Maranhão apresentaram a deleção na linhagem B.1.1.33, que também continham a mutação E484K.

Três amostras do Amazonas e uma do Paraná continham inserção de material genético em sequências provenientes da linhagem B.1.1.28 (P.1-like) – assim denominada por ser muito semelhante à P.1. Uma amostra coletada no Paraná e todas na Bahia e em Alagoas são de pacientes provenientes do estado do Amazonas ou com histórico de viagem à região. Os resultados foram publicados na plataforma de pré-print MedRxiv.

Baixa frequência 

De acordo com a virologista Paola Cristina Resende, integrante do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o novo coronavírus segue em adaptação constante. "O novo coronavírus está continuamente se adaptando e, com isso, propiciando o surgimento de novas variantes de preocupação e de interesse com alterações na proteína Spike. No entanto, vale ressaltar que as novas mutações foram, até o momento, detectadas em baixa frequência, apesar de encontradas em diferentes estados. Ainda precisamos dimensionar o impacto deste achado e, sem dúvidas, ampliar cada vez mais o monitoramento genômico”, ressaltou.


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