Internações por Covid-19 aceleram e Porto Alegre tem maior taxa de ocupação do ano em UTIs

Internações por Covid-19 aceleram e Porto Alegre tem maior taxa de ocupação do ano em UTIs

Alta demanda fez com que Capital tivesse menos de 60 leitos disponíveis na tarde desta terça-feira

Correio do Povo / Felipe Samuel

Taxa de ocupação superou os 92% nesta terça-feira

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Em meio ao surgimento de novas variantes possivelmente mais transmissíveis da Covid-19 e a possibilidade de sua circulação em Porto Alegre, o avanço da doença e o crescimento no número de pacientes de diagnosticados com o coronavírus começam a refletir no sistema de saúde da cidade. Nesta terça-feira, a Capital registrou 312 infectados com o vírus e 36 suspeitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) – o maior número de 2021 e o mais alto desde 25 de dezembro do ano passado, quando, somados, 355 leitos estavam ocupados por pacientes relacionados com a Covid-19. 

Nos últimos 14 dias, houve aumento de 14% das internações de pacientes Covid-19. Em 2 de fevereiro, 297 pacientes ocupavam leitos de UTI, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O número oscilou levemente para baixo uma semana depois, quando havia 293 internações relacionadas à Covid-19 em UTIs.

A pressão no sistema de saúde se dá com a soma crescente de pacientes com Covid-19 e outras enfermidades. Ao todo, os hospitais da Capital atendiam 729 pessoas em suas unidades de tratamento intensivo – com taxa de ocupação geral de 92,16%. 

Menos de 60 leitos de UTI disponíveis

Dos 807 leitos operacionais, 16 seguiam bloqueados e apenas 59 estavam disponíveis em uma cidade cuja população é superior a 1,4 milhão de habitantes. Os hospitais Moinhos de Vento, São Lucas, Vila Nova e Femina operavam com capacidade máxima. Pronto Socorro de Porto Alegre, Restinga e Santa Ana não haviam atualizado os dados hoje.

O aumento nas internações motivou a SMS a convocar uma reunião nesta terça-feira para discutir o avanço da doença em Porto Alegre e a possibilidade de se abrir novas vagas de leitos de UTI. 

Avanço semanal das internações em 2021:

16.02 - 312 confirmados e 36 suspeitos
09.02 - 274 confirmados e 19 suspeitos
02.02 - 271 confirmados e 26 suspeitos
26.01 - 256 confirmados e 20 suspeitos
19.01 - 275 confirmados e 27 suspeitos
12.01 - 265 confirmados e 27 suspeitos
05.01 - 285 confirmados e 31 suspeitos
01.01 - 307 confirmado e 31 suspeitos

Epidemiologista alerta: "Estamos caminhando para o colapso"

Professor de Epidemiologia da Ufrgs, Paulo Petry ressalta que o avanço da doença pressiona o sistema de saúde da cidade. “Ter apenas 59 leitos disponíveis é assustador”, avalia. Conforme Petry, o atual número de leitos livres é muito pequeno. “Estamos caminhando para o colapso. As aglomerações do Carnaval vão repercutir ainda na semana que vem”, projeta, acrescentando que o sistema de saúde recebe também pacientes da região Metropolitana.

Ele explica que o aumento da ocupação de leitos faz parte de uma cadeia que começa com crescimento da circulação do vírus. “Em uma semana, aumenta o número de novos casos. Uma semana depois, aumentam as internações em UTI e as mortes”, observa. Desde o início da pandemia, 2.273 pessoas morreram com o coronavírus. 

O epidemiologista alerta que muitos jovens estão adoecendo em decorrência da Covid-19. “Estamos vendo muitos comportamentos inadequados durante o carnaval, com muitas aglomerações. E elas são especialmente de pessoas mais jovens”, destaca. Petry reforça que a nova variante do vírus, a P.1, também gera preocupação. “Quanto mais tempo o vírus circula, maior probabilidade de ocorrerem mutações. E isso começa a preocupar, porque muitas se tornam vírus mais transmissível, outras podem tornar o vírus mais letal. E pode ser que o novo vírus seja imune à vacina, que é feita para um determinado vírus”, adverte.

UTIs do Estado também têm aumento na ocupação

No Rio Grande do Sul, as internações em UTIs também apresentaram elevação pelo segundo dia consecutivo, com 1.111 (52,1%) leitos ocupados por pacientes relacionados à Covid-19. Na véspera, eram 1.084. O número de pacientes em estado grave, considerando outras doenças, registrou alta em relação ao dia anterior, com 2.131 leitos ocupados, com taxa de ocupação geral de 79,7%. Na segunda-feira, eram 2.115, equivalente a 79,1% de lotação.

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