Porto Alegre ultrapassa 11 mil casos ativos da Covid-19
Reconhecida pela SMS, aceleração da pandemia na Capital vem se refletindo no número de novos infectados
publicidade
Com 849 infectados nas últimas 24 horas, Porto Alegre registra 11.129 casos ativos da Covid-19 nesta terça-feira. O contingente de pacientes ainda com a doença no organismo vem crescendo nas últimas semanas com o aumento de novas infecções. No dia 21 de novembro, a Capital contabilizava 5.676 ativos, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde. Na sexta-feira, dia 4 de dezembro, eram 10.864 e hoje o número superou a marca dos 11 mil.
O avanço, reconhecido pelo chefe da pasta, Pablo Stürmer, vem pressionando o sistema de saúde da cidade e preocupando as autoridades. Neste momento, 293 infectados estão em tratamento nos leitos de UTI. A SMS trabalha com 383 como o número máximo de expansão de leitos para casos da doença.
"É o momento de maior número de casos ativos e casos novos nos últimos 14 dias. Ampliamos bastante a testagem, praticamente dobramos, então isso pode ter contribuído, mas também mostra a aceleração da doença. O principal indicador é a ocupação das UTIs", alertou o secretário de Saúde.
Crescimento dos casos ativos:
08.12 - 11.129 - 1.638 óbitos - 293 internados e 25 suspeitos
04.12 - 10.864 - 1.606 óbitos - 280 internados e 30 suspeitos
27.11 - 7.927 - 1.522 óbitos - 262 internados e 16 suspeitos
20.11 - 5.620 - 1.461 óbitos - 232 internados e 14 suspeitos
13.11 - 5.676 - 1.391 óbitos - 232 internados e 18 suspeitos
Nove meses após confirmar o primeiro caso em Porto Alegre - registrado oficialmente em 8 de março - e adotar uma série de medidas de restrição de atividades para evitar a disseminação da Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contabiliza 1.638 mortes por conta da doença. A primeira morte ocorreu em 24 de março.
O anúncio do primeiro caso de pessoa infectada com o vírus ocorreu no dia 11 de março, em coletiva de imprensa no Paço Municipal, quando o prefeito Nelson Marchezan Júnior confirmou que uma paciente de 54 anos, residente e notificada na Capital, era o primeiro caso importado da Covid-19. Ela havia chegado da Itália (região de Bergamo) no dia 6 daquele mês e foi atendida por profissional de saúde, que notificou a Diretoria-Geral de Vigilância em Saúde do município. De lá para cá, na tentativa de frear o avanço da doença, a prefeitura adotou medidas como a suspensão das aulas e o fechamento de shoppings, restaurantes e bares.
As restrições desagradaram parte dos representantes do comércio, especialmente bares e lojistas, apesar da prefeitura justificar a necessidade de preparar o sistema de saúde para atender os pacientes. Adjunto da secretaria municipal da Saúde, Natan Katz afirma que as ações implementadas pela prefeitura começaram a tomar forma no final de janeiro, quando chegaram os relatos dos primeiros casos na China. "A doença começava a se espalhar para outros lugares do mundo. No fim daquele mês começamos a fazer o plano de enfrentamento à Covid-19", relembra.
Em fevereiro, o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus fez a primeira reunião com representantes de hospitais para avaliar quais hospitais ficariam na linha de frente no combate à Covid-19 e como funcionaria a logística. Na primeira versão do plano de contingência, publicado em 7 de fevereiro, ficou decidido que Nossa Senhora da Conceição e Clínicas atenderiam, num primeiro momento, pacientes relacionados à doença. "É um documento histórico bem importante, porque define várias coisas", frisa, acrescentando que a ideia era tentar de "alguma forma proteger outros hospitais". Katz reforça que em janeiro a prefeitura já havia definido início da testagem.
A prefeitura ampliou o número de leitos de UTI e passou a fazer monitoramento da ocupação da rede hospitalar da Capital, além de capacitar as equipes para fazer identificação de casos suspeitos para Covid-19. Na segunda quinzena de março, representantes do comitê notaram crescimento expressivo dos casos na Capital e decidiram que era hora de restringir as atividades na Capital, a começar pelas escolas e depois pelo comércio. "Foi muito importante ter feito restrições, porque poderíamos perder controle da epidemia e não teria rede hospitalar preparada para enfrentar a pandemia", observa. "Se não tivesse dado uma "segurada" na epidemia naquele momento, muita gente ia ficar sem leitos", completa.
Mesmo assim, em junho e julho o sistema de saúde enfrentou o pior momento, com a escalada de internações em UTIs. Em 22 de junho, eram 102 casos confirmados para doença em UTIs. Menos de três semanas depois, em 10 de julho, o número de internações dobrou e totalizou 209 casos confirmados. Em 25 de julho, pela primeira vez, o sistema de saúde romperia a barreira das 300 internações por Covid-19, registrando 309 pacientes que testaram positivo para a Covid-19 em leitos de UTI. De lá para cá, apenas em 5 novembro, quando havia 197 pacientes confirmados para doença internados em UTIs, as internações ficaram abaixo de 200 casos confirmados.
Na avaliação de Katz, o período de restrições foi fundamental para organizar, expandir e planejar a rede hospitalar. "E mesmo assim fomos atropelados. Criamos hospitais livres da Covid-19 e daqui a pouco eles tinham Covid-19", lembra. Ele avalia que os meses de abril e maio foram de estabilidade da doença, enquanto junho e julho foram os meses mais complicados. "Na segunda semana de junho novamente começamos a colocar restrições na cidade. Mesmo assim continua acelerando a contaminação, com praticamente 60 dias de crescimento vertiginoso. A gente percebeu que o "susto" que tinha dado em março, em junho não funcionou igual, com as pessoas com menos medo da Covid-19", compara.
Entre os aspectos positivos no combate à Covid-19, Katz destaca a realização dos testes RT-PCR, inclusive com coletas domiciliar. "Isso ajudou também a ter controle melhor da epidemia, com uma testagem bastante ampla com todo mundo que teve contato com alguém infectado", justifica. Conforme Katz, outro indicador da epidemia é quantos óbitos. "Porto Alegre tem o menor número de mortes das capitais com mais de um milhão de habitantes. Isso quer dizer que o sistema de saúde deu conta. Ninguem ficou sem atendimento, e os tempos de atendimentos são muito bons", alega.