Hospital Conceição começa testes com vacina contra a Covid-19

Hospital Conceição começa testes com vacina contra a Covid-19

Ao todo, doses serão aplicadas em 5 mil voluntários

Felipe Samuel

Expectativa do Conceição é aplicar dose em até 20 voluntários a partir da semana que vem

publicidade

O Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) deu início nesta quinta-feira aos testes com a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório belga Janssen, divisão de vacinas da Johnson & Johnson. Seis voluntários, acima de 59 anos e sem comorbidades, foram os primeiros a receber aplicação da dose única. Ao todo serão 2 mil voluntários divididos em quatro grupos: de 18 a 59 anos sem comorbidades; acima de 60 anos sem comorbidades; de 18 a 59 anos com comorbidades; e acima de 60 anos com comorbidades. Metade dos voluntários recebe a vacina e a outra, placebo. A expectativa é de que a vacina alcance imunidade induzida efetiva contra o SARS CoV2.

Coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição e investigador responsável, Breno Riegel Santos explica que a vacina não é restrita a nenhum grupo populacional ou laboral. O estudo, no entanto, deve contar com pelo menos 30% de pessoas idosas, que é o grupo mais impactado pela doença. "(A vacina) é feita a partir de um vírus, o adenovírus humano inativado. Não causa a doença, apenas passa a produzir o antígeno, que é a espícula da superfície do coronavírus, que é o que é imunogênico. Se transforma esse adenovírus numa fábrica de produção da espícula superficial do coronavírus, que é o que produz a imunidade", explica.

De acordo com Riegel, como outros estudos estão em andamento – o da Janssen está na Fase 3 (fase controlada com placebo) – o objetivo é dar celeridade aos testes no Conceição, que a partir da próxima semana deverá aplicar a dose em até 20 voluntários por dia. "Tem outras vacinas em andamento, mas poucas dessas vacinas em testes estão cumprindo as etapas cientificamente comprovadas de segurança e eficácia", observa. O infectologista lembra que os testes clínicos da Janssen nos EUA foram interrompidos em outubro, temporariamente, após um dos voluntários sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
 
Após o episódio, Riegel afirma que as autoridades americanas analisaram o caso e, dias depois, liberaram a continuidade dos estudos. "Ele era um voluntário, não se sabe se do lado do placebo ou da vacina, isso só quem sabe é o comitê independente de segurança, mas foi um jovem que teve equivalente a um AVC. Nada a ver com a vacina ou qualquer relação com estudo, mas sim a uma doença que ele já tinha", ressalta. Os voluntários que participam dos testes na Capital, no entanto, assinaram termo de consentimento em que reconhecem ter conhecimento desse caso. 

Apesar de não ter previsão para divulgação dos resultados iniciais, Riegel acredita na eficácia da vacina. "Tem característica de que vai funcionar, demonstrou produção de imunidade nos primeiros testes", afirma.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895