Saiba quem ganhou e quem perdeu nas eleições no Rio Grande do Sul
Partidos fazem balanço para realizar estratégias
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Terminadas as eleições gerais, os partidos no Rio Grande do Sul começam a fazer o balanço do pleito, de forma a realinhar estratégias para a formação do governo eleito no Estado e para estabelecer o tipo de relação que, na Assembleia Legislativa, vão ter com o Executivo. Confira, a seguir, quem, na avaliação de lideranças das legendas com maior representatividade, saiu em vantagem ou não como a conclusão da disputa deste ano no Estado.
QUEM GANHA
- Eduardo Leite (PSDB)
O governador eleito volta ao posto chancelado pela escolha de 3.687.126 eleitores, ampliando o número obtido no segundo turno de 2018 em 558.000 votos. A vitória é vista por aliados como um passo importante para consolidar Leite como opção viável nas eleições presidenciais de 2026. Já existe movimento no PSDB para que o gaúcho suceda Bruno Araújo no comando nacional da sigla. O cenário projetado, contudo, não é de facilidade. Além do candidato que surgirá do governo Lula, as eleições de 2022 colocaram na corrida outras possibilidades, como o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e os reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
- Gabriel Souza (MDB)
O vice-governador eleito é visto internamente como nova liderança do MDB e grande vencedor do pleito estadual. Primeiro, obteve vitória ‘em casa’, ao conseguir fazer valer sua tese de composição com o PSDB, abrindo mão da cabeça de chapa, e sendo ele mesmo o vice. Com o partido dividido, após o susto do primeiro turno e enfrentando correligionários de peso, percorreu o Estado para convencer lideranças municipais da sigla a fazerem campanha. Se Leite de fato conseguir se colocar no cenário nacional, comandará o Estado no último ano da administração, em 2026, e será o candidato do MDB ao governo.
- Silvana Covatti (PP)
Reeleita para a Assembleia Legislativa como a mais votada de seu partido pela quarta vez consecutiva (só não ficou à frente em sua primeira eleição, em 2006), a deputada consolidou a força da família Covatti. Tem bom trânsito entre prefeitos de diferentes legendas. No segundo turno, ignorou a determinação do PP, que oficializou apoio a Onyx Lorenzoni (PL), e fez campanha aberta para Leite. No primeiro governo do tucano, ela e o filho, o federal Covatti Filho, se dividiram no comando da Secretaria da Agricultura.
- Ranolfo Vieira Júnior (PSDB)
No núcleo do governo eleito, o atual governador tem o desempenho elogiado. Políticos aliados assinalam que, sem nunca ter exercido mandato eletivo antes, ele conduz sem sobressaltos o Executivo no último ano da administração. Nos três primeiros exerceu as funções de vice em sintonia com Leite, e entregou bons indicadores na Segurança (delegado, acumulou a vice e o comando da pasta). Mantém diálogo aberto com lideranças à esquerda (era do PTB e foi chefe da Polícia Civil na gestão Tarso Genro) e é cotado para seguir no primeiro escalão.
- Luiz Carlos Busato (União Brasil)
O ex-prefeito de Canoas obteve a única cadeira do União Brasil RS na Câmara dos Deputados, ficando com a 29ª das 31 vagas. Fez 57.610 votos, ante os 130.807 que havia registrado em 2014. Mesmo assim, articuladores do novo governo consideram sua atuação fundamental. Porque conseguiu que parte do PTB o acompanhasse no novo partido. Porque sua atuação à frente da sigla, fortemente bolsonarista no RS, foi essencial para mantê-la quase inteira com Leite nos dois turnos. E porque a legenda garantiu espaço de peso na propaganda.
- Juvir Costella (MDB)
O deputado foi reeleito para a Assembleia como o mais votado do MDB, ampliando em quase 25.000 votos o score marcado em 2018. Integrante do secretariado no primeiro governo Leite, desde o período de articulações trabalhou para que seu partido aderisse à candidatura do tucano e indicasse o vice na chapa, em oposição àqueles que tentavam emplacar um nome próprio na disputa ao Piratini. Já na campanha, travou embates diretos, e públicos, com os correligionários que abriram dissidência e apoiaram Onyx Lorenzoni (PL).
- Edegar Pretto (PT)
O deputado estadual não passou para o segundo turno da eleição ao Palácio Piratini, e ficará sem mandato a partir de 2023 (seu irmão conquistou vaga na Assembleia). Mas é apontado como um dos políticos que cresceu, o que o consolida como uma das novas lideranças petistas no RS. O 1.700.374 de votos que obteve, e que quase deixou Eduardo Leite (1.702.815 votos) fora da disputa, surpreendeu o próprio PT gaúcho, que lançou candidato próprio para demonstrar força, e que apostava mais alto na possibilidade de eleger o ex-governador Olívio Dutra ao Senado.
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QUEM PERDE
- Onyx Lorenzoni (PL)
O deputado federal e ex-ministro largou na frente na eleição para o governo gaúcho, com 2.382.026 votos no primeiro turno. Mas não conseguiu se manter à frente no segundo turno (somou mais 385.760 votos, enquanto o adversário, de virada, obteve mais 1.984.311 votos). No conjunto, o pleito só não teve um resultado mais negativo porque o PL fez cinco cadeiras na Assembleia, a primeira delas obtida por seu filho, Rodrigo. Onyx ficará pela primeira vez sem mandato eletivo em um período de 28 anos. E a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição nacional inviabiliza seu aproveitamento no Executivo.
- Sebastião Melo (MDB)
O prefeito de Porto Alegre colheu uma sucessão de derrotas na eleição. Primeiro, foi um dos maiores defensores da tese da candidatura própria dentro do MDB, mas apoiadores do vice eleito, Gabriel Souza, o acusavam de tumultuar internamente o processo desde o início, com vistas a se lançar candidato ao Piratini em 2026. Após a tese de aliança com o PSDB sair vencedora e de o MDB indicar o vice na chapa, continuou fazendo oposição, e não participou da campanha. No segundo turno anunciou publicamente seu voto em Onyx.
- Osmar Terra (MDB)
O deputado federal foi reeleito como o mais votado do MDB gaúcho para a Câmara (103.245 votos), ampliando seu score em relação ao pleito de 2018, quando havia feito 86.305 votos. Mas o entendimento entre emedebistas é de que sua proximidade de Bolsonaro e de Onyx e sua associação a pautas mais ‘radicais’, em postura diversa da adotada pelo partido como um todo, projetam certo isolamento na legenda. O resultado das eleições nacional e estadual enterrou expectativas de que voltasse a comandar um ministério ou uma secretaria.
- Luis Carlos Heinze (PP)
Apesar de pertencer a um dos partidos de maior capilaridade no RS, o senador, eleito em 2018 com 2.316.365 votos, amargou um baixo índice de preferência do eleitorado gaúcho em 2022: fez 271.540 votos no primeiro turno. Aliados avaliam que sua associação a Bolsonaro pode ter lhe atrapalhado duplamente, afastando conservadores moderados ao mesmo tempo em que não conseguia se firmar como o candidato do presidente, posto que coube a Onyx Lorenzoni. No segundo turno, acompanhou o PP e declarou apoio ao candidato do PL. Tem mais quatro anos no Senado.
- Elizandro Sabino (PTB)
Após a implosão do PTB, o deputado ficou na sigla e se reelegeu como seu único representante na Assembleia Legislativa. Em 2018 o partido havia feito cinco cadeiras. Articuladores do governo apontam que a configuração prejudica o poder de negociação do parlamentar, que também preside o PTB gaúcho, antes com forte influência na região Metropolitana. No primeiro turno da eleição para o governo, o PTB aliou-se ao PP, e indicou a vice na chapa de Heinze, a vereadora da Capital e esposa do deputado, Tanise Sabino. Heinze fez 4,28% dos votos. No segundo turno os petebistas oficializaram apoio a Onyx.
- Lasier Martins (Podemos)
O senador deixa o mandato no início de 2023. Ele ganhou o Senado em 2014 pelo PDT, com 2.145.479 votos. Nestes oito anos, trocou o PDT pelo PSD e, este, pelo Podemos, aproximando-se da bancada ‘lavajatista’. Em 2022, nas negociações da coligação estadual, perdeu para Ana Amélia Lemos (PSD), que não se elegeu, a vaga do Senado na chapa encabeçada pelo PSDB. Tentou então uma cadeira na Câmara dos Deputados. Mas fez 26.692 votos (1,24% do que marcou em 2014) e também não conseguiu se eleger. No segundo turno declarou voto em Onyx, candidato da chapa adversária, que perdeu a eleição.
- Beto Albuquerque (PSB)
Maior expoente do PSB gaúcho, o ex-deputado anunciou sua saída das disputas eleitorais em 1º de agosto, após ter passado 11 meses assegurando que concorreria ao governo, e de ser apontado como um dos protagonistas do fracasso das tratativas para a formação de uma aliança entre PSB e PT na disputa estadual. Sua insistência em ter a cabeça de chapa, conforme dirigentes do PDT, também teria inviabilizado a união com os trabalhistas. Vicente Bogo, que o substituiu na corrida ao Piratini, fez 0,27% dos votos. O PSB, que em 2018 obteve três cadeiras na Assembleia, agora ficou com uma.