Maior disputa por vaga na Câmara dos Deputados desde a redemocratização

Maior disputa por vaga na Câmara dos Deputados desde a redemocratização

Em todo país, 10,6 mil candidatos concorrem a uma das 513 vagas

Mauren Xavier

Estão em busca de reeleição 485 deputados federais. O número equivale a 81% da composição da Câmara

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Quinhentos e treze nomes serão escolhidos entre os mais de 10,6 mil candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados, nesta que se tornou a maior disputa desde a redemocratização, nos anos 80. O crescimento no número de candidaturas está diretamente relacionado a uma mudança na legislação, que deu fim à coligação nas proporcionais. Assim, muitos partidos apresentaram o número máximo de candidatos na disputa, que varia de estado para estado. Entre os partidos com maior número de concorrentes está o Republicanos, com 510; União Brasil (resultado da fusão entre Dem e PSL), com 498; e o PL, com 490. Na eleição de 2018, o PSL, do então candidato à presidência Jair Bolsonaro, tornou-se a maior bancada. Atualmente, as maiores bancadas são: PL, com 76 integrantes; PP, com 58 e PT, com 56.

Segundo levantamento da própria Câmara dos Deputados, 485 dos candidatos estão em busca da reeleição. Esse número equivale a 81% da composição da Câmara, considerando-se o total de deputados que tomaram posse nos últimos quatro anos, que somam 598 (em função dos afastamento permanente ou temporário dos deputados de seus mandatos).

Dipusta no Rio Grande do Sul 

O acirramento nacional se reproduz na disputa local. São 512 candidaturas válidas concorrendo a uma das 31 vagas, representando uma média de 16,5 candidatos por vaga. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam ainda que os candidatos gaúchos envelheceram. No pleito anterior, em 2018, a faixa etária com o maior número de concorrentes ficava entre 50 e 54 anos. Nesta eleição, está entre 55 e 59 anos. Esta é a única diferença entre o perfil dos candidatos de 2018 e de 2022. Da atual bancada gaúcha, dois deputados optaram por não concorrer neste pleito. Henrique Fontana (PT) e Jerônimo Goergen (PP), juntos, somaram 200 mil votos em 2018. Depois de seis mandatos, aos 62 anos, Fontana diz não ter abandonado a política. Dono de três mandatos em Brasília e de dois na Assembleia, Goergen não escondeu sua intenção de ser candidato ao Senado, mas como o partido não viabilizou seu nome, optou por migrar para a iniciativa privada após terminar o mandato. Além deles, entre os eleitos em 2018 pelo RS, não retornarão Onyx Lorenzoni (que disputa o governo do RS) e Liziane Bayer (suplente na chapa de Hamilton Mourão, que disputa o Senado). 

Perfil dos candidatos

Entre os concorrentes, destaca-se o crescimento do número de candidatas mulheres e daqueles que se autodeclaram pretos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 35% do total dos pedidos de registro são de mulheres e 14% de negros. Em números absolutos, trata-se de um crescimento de 24% no número de candidatas mulheres e de 46% dos candidatos negros, em comparação com a eleição passada. Um dos pontos que pode justificar o crescimento é que, com as recentes mudanças na legislação, os votos das mulheres e dos candidatos negros terão o dobro do peso no momento da divisão dos recursos do fundo partidário. Essa foi mais uma ação para estimular a presença feminina e de negros na política. Ainda sobre o perfil dos candidatos, 21 dos candidatos utilizaram nome social e 27 são brasileiros naturalizados. O candidato mais velho na disputa, se eleito, assumirá com 96 anos. Na outra ponta, 21 candidatos teriam a idade mínima para posse, 21 anos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895