Mantega deixa governo de transição e usa condenação pelo TCU como justificativa
Ex-ministro diz que condenação por pedaladas fiscais foi explorada por adversários par tumultuar a transição
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O ex-ministro Guido Mantega informou nesta quinta-feira (17) que não vai continuar na equipe de transição do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O anúncio foi feito em carta enviada ao vice-presidente da República eleito e ao coordenador-geral do governo de transição, Geraldo Alckmin (PSB).
Mantega usou como justificativa a condenação que recebeu do Tribunal de Contas da União (TCU) no processo das pedaladas fiscais, que resultaram também no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Com o processo, o ex-ministro está inabilitado para assumir qualquer cargo público até 25 de fevereiro de 2030.
De acordo com ele, "essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo".
"Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação", escreveu Mantega.
Após receber a carta, Alckmin telefonou a Mantega e agradeceu ao ex-ministro pela colaboração e pelo gesto de deixar a transição para não atrapalhar o novo governo.
Mantega foi convidado para compor o grupo técnico de planejamento, orçamento e gestão. A equipe de transição ainda não definiu se ele será substituído.
Leia a íntegra da carta de Mantega
"Aceitei com alegria o convite para participar do Grupo de Transição, na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula.
Entretanto, em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na Equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por 8 anos.
Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo.
Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação."