"Quanto vão nos pagar para cuidar do planeta Terra?", pergunta Lula na COP27

"Quanto vão nos pagar para cuidar do planeta Terra?", pergunta Lula na COP27

Presidente eleito disse, também, que pretende criar uma "Cúpula da Amazônia" para formular uma proposta conjunta ao mundo

R7

Presidente eleito faz discurso na COP27

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou, nesta quinta-feira, quanto o mundo vai pagar aos países que estão na região amazônica para que eles cuidem da floresta. Ao falar sobre a preservação da Amazônia com lideranças indígenas em uma reunião na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), Lula afirmou: "Não é só preservar. O que nós queremos saber também é quanto vão nos pagar para a gente cuidar do planeta Terra que muita gente não cuidou quando deveria cuidar," disse o presidente eleito. 

Segundo o presidente, é uma questão urgente. "E não é fazendo favor a ninguém. É fazendo favor a nós mesmos. O mundo precisa de cuidado. O mundo precisa de água limpa, floresta preservada. O mundo precisa de nossa fauna. E ninguém melhor que os indígenas para cuidar. E nós sabemos que eles são responsáveis por cuidar de todas as florestas no mundo," completou. 

Lula disse, ainda, que pretende criar uma Cúpula da Amazônia em que participariam, além do Brasil, Venezuela, Equador, Colômbia Peru, Bolívia, Guiana, Suriname. "Nós nunca nos reunimos para formular uma proposta conjunta ao mundo".  Estavam presentes no evento as deputadas eleitas Marina Silva (Rede-AC) e Sônia Guajajara (PSOL-SP), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), além de lideranças indígenas. 

"Vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar. Paciência"

Em outro discurso, nesta quinta-feira, Lula disse que além de na responsabilidade fiscal, é preciso pensar em responsabilidade social, e se "vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar... paciência". As falas de Lula foram durante o evento do Brazil Climate Action Hub, grupo das organizações da sociedade civil que debatem ações climáticas.

Segundo Lula, com o teto de gastos falta dinheiro para a saúde, educação, ciência e tecnologia e cultura. "Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social e não mexe em um centavo do sistema financeiro. Você não mexe em um centavo daqueles juros que os banqueiros têm que receber. Se eu falar isso, vai cair Bolsa, vai aumentar o dólar... Paciência! O dólar não aumenta e a Bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas é por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia", disse.

Para o presidente eleito, além da meta de inflação, é preciso ter meta de crescimento. "Esses dias, eu não sei se vocês acompanharam, eu fui fazer um discurso para os deputados e eu fazia o discurso que eu dizia na campanha, sabe? Que não adianta falar em responsabilidade fiscal, a gente tem que começar a pensar em responsabilidade social [...] O que é um teto de gastos em um país?", questionou Lula. "Se o teto de gastos fosse para discutir que a gente não vai pagar a quantidade de juros para o sistema financeiro que a gente paga todo ano, mas a gente fosse continuar mantendo as políticas sociais intactas, tudo bem", completou.

Governança global para o clima

O presidente eleito também defendeu uma governança global para cumprimento das decisões e compromissos relacionados ao clima. Para ele, os debates das Nações Unidas não podem continuar sendo "discussões teóricas intermináveis", sob pena de "nunca serem levadas a sério ou cumpridas". "Às vezes tenho impressão de que as decisões precisam ser cumpridas se a gente tiver um órgão de governança global que possa decidir o que fazer, porque se depender das discussões internas do Estado nacional, no Congresso Nacional, muitas coisas aprovadas sobre o clima não serão colocadas em prática," disse Lula.

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Na quarta-feira, em outro pronunciamento na COP27, Lula afirmou que "não há segurança climática sem uma Amazônia protegida" e se comprometeu a priorizar a luta contra o desmatamento. O presidente eleito disse, ainda, que o combate à mudança climática "terá o mais alto perfil" na estrutura do seu próximo governo e ressaltou que é preciso enfrentar a crise do clima de modo a combater a pobreza e a fome.

Lula criticou, também, as políticas do governo atual na atuação ambiental e afirmou que, nos três primeiros anos (do governo Bolsonaro0, o desmatamento na Amazônia aumentou em 73%. "Essa devastação ficará no passado", disse. Lula foi convidado pelo presidente do Egito para participar do evento, mesmo antes de tomar posse como próximo chefe do Executivo brasileiro.


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