"Petrobras pode mergulhar Brasil no caos", diz Bolsonaro sobre nova alta da gasolina
Aumento no preço dos combustíveis foi aprovado em reunião do conselho da estatal e deve ser anunciado nesta sexta-feira
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Petrobras “pode mergulhar o Brasil num caos” em caso de novo aumento nos preços dos combustíveis. A declaração foi dada pelas redes sociais na manhã desta sexta-feira (17), data em que o reajuste deve ser anunciado pela estatal, após aprovação da medida pelo Conselho de Administração da petrolífera.
“A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos. Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo”, disse Bolsonaro.
- O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2022
O presidente declarou que o governo federal é contra o reajuste, mencionando que a União é acionista da empresa. “Não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais.”
O aumento no preço da gasolina e do diesel deve ser anunciado nesta sexta. A decisão foi aprovada pelo conselho da estatal em uma reunião extraordinária realizada em pleno feriado, na tarde da quinta-feira (16).
Com o encontro o presidente do conselho, Márcio Weber, pretendia fazer a petrolífera segurar por mais algum tempo o reajuste dos combustíveis, como foi solicitado por Bolsonaro, mas a diretoria decidiu manter o que já estava planejado. Os novos preços devem entrar em vigor na próxima semana.
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A medida atende a uma demanda do mercado, por uma defasagem de 15% a 20% nos preços desses dois produtos nas refinarias da Petrobras. O diesel está há mais de 30 dias sem reajuste, e a gasolina não tem aumento há três meses. A pressão era para que se alinhassem os valores desses combustíveis aos preços internacionais.
A Petrobras tem como política de preços o PPI (Preço de Paridade Internacional), implementada em 2016 pelo governo Michel Temer. Esse modelo faz com que o cálculo para a definição dos preços dos combustíveis considere os custos de importação, incluindo transporte e taxas portuárias, e o preço do petróleo no mercado internacional, com os valores em dólar.
Bolsonaro já havia dito que a Petrobras preparava um novo aumento nos preços dos combustíveis. Nesta quinta, em entrevista à jornalista Leda Nagle, ele também afirmou que tem dificuldade para fazer a troca no comando da estatal.
"Eu não tenho comandamento sobre a Petrobras. A Petrobras está dando dica que quer aumentar de novo. Não interessa quanto seja, já está um absurdo o preço dos combustíveis lá na refinaria", disse.
No fim do mês passado, Bolsonaro informou que o químico José Mauro Ferreira Coelho, empossado havia 40 dias, foi demitido do cargo de presidente da Petrobras. Caio Mario Paes de Andrade, do Ministério da Economia, foi indicado para substituí-lo. A mudança na estatal pode levar até 60 dias por causa das regras internas.
"Nós somos os acionistas que têm o maior número de papéis, mas não temos o poder de mudar rapidamente", declarou. "Estamos há um mês tentando trocar o presidente da Petrobras e não conseguimos. Não resolveu.
Governo tentou barrar aumento
Emissários do governo se reuniram na noite da última segunda-feira (13) com a diretoria da Petrobras para tentar impedir o aumento de combustíveis que a estatal deve anunciar nesta sexta. A ideia é reajustar o preço da gasolina em 9% e o do diesel em 11% como forma de amenizar a defasagem de valores entre o mercado interno e o mercado internacional.
O governo teme que o aumento anule os esforços para aprovação de projeto no Congresso que limita o teto do ICMS em 17% para uma série de itens, entre eles os combustíveis. Bolsonaro é crítico da política adotada pela Petrobras, a Preços de Paridade Internacional (PPI), que faz com que o preço da gasolina, do etanol e do diesel acompanhe a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional.