Pacheco diz que congelamento de preços nos supermercados "não é o caminho"
Presidente da República em exercício defendeu responsabilidade social das empresas, além da lógica econômica e de mercado
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O presidente da República em exercício, Rodrigo Pacheco, afirmou, nesta sexta-feira, que o congelamento de preços nos supermercados brasileiros, como suplicou Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) na última quinta-feira, não é o caminho e, sim, a responsabilidade social das empresas.
"Nós temos uma sociedade de livre mercado. O que eu acho que ele reivindicou e suplicou foi, realmente, a responsabilidade social de todos os brasileiros. Na sua atividade coletiva ninguém obviamente pretende sacrificar o lucro, nem acredito também no congelamento de preços. Não é esse o caminho, mas a consciência de todos que nós temos que buscar também uma posição social de todas as empresas neste momento", disse Pacheco.
"Todos têm responsabilidade e fixar preços que sejam justos, que contemplam lucros, mas não lucros abusivos, que haja competividade. Acho que é essa lógica econômica e de mercado, neste momento de civilidade e de respeito com o problema do Brasil, que é o problema dos dois dígitos: juros a dois dígitos, inflação a dois dígitos e em alguns lugares a gasolina a dois dígitos", acrescentou.
As declarações foram dadas por Pacheco, que também é presidente do Senado Federal, durante o 2º Encontro do Conselho Nacional do Poder Legislativo Municipal das Capitais (Conalec), realizado em João Pessoa, na Paraíba. Na última quinta-feira, Bolsonaro pediu aos donos de supermercados e empresários da cadeia de abastecimento que reduzam o lucro dos produtos que fazem parte da cesta básica dos brasileiros.
"Em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaboramos. Então, o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível, para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes", afirmou Bolsonaro.
O ministro Paulo Guedes, por sua vez, pediu ajuda do setor para frear a escalada de preços. "Vamos dar uma trégua de preços, vamos confiar um pouco no Brasil, vamos apertar o cinto um pouquinho", pediu Guedes, defendendo que a tabela de preços de alimentos da cesta básica seja reajustada pelos empresários apenas em 2023.
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Os apelos foram feitos por Bolsonaro e Guedes durante o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e ambos participaram por meio de videoconferência. O chefe do Executivo falou diretamente dos Estados Unidos, antes de se encontrar com o presidente Joe Biden.
A cesta básica subiu R$ 115,05 nos últimos 12 meses nos supermercados e chegou ao valor médio de R$ 758,72, segundo a pesquisa da Abras. Os itens acumulam alta de 17,87% no período. Já no primeiro quadrimestre do ano, a elevação nos preços foi de 8,31%.
A inflação desacelerou nos últimos dois meses, mas ainda se mantém em dois dígitos (11,73%). Apesar do aumento nos preços, o consumo nos quatro primeiros meses de 2022 acumula alta de 2,50%. Em abril, o indicador registrou aumento de 4,20% em comparação a março. Já na comparação ao mesmo mês de 2021, o crescimento registrado foi de 7,37%.