Câmara completa lista para indicar relator de processo contra Eduardo Bolsonaro
Nomes haviam sido sorteados, mas deputados pediram retirada; parlamentar zombou de jornalista que relatou tortura na ditadura
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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sorteou, nesta quarta-feira, o terceiro nome para compor a lista tríplice destinada à escolha do relator do processo contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Os nomes já haviam sido sorteados, mas um dos deputados, Adolfo Viana (PSDB-BA), pediu a retirada do nome alegando grande demanda de trabalho, já que é líder do governo e relator de outro processo. Ele será substituído por Júlio Delgado (PV-MG).
O processo contra Eduardo, instaurado no início do mês, é por ataques contra a jornalista Miriam Leitão. O parlamentar zombou de um depoimento da jornalista em que ela relata ter sido torturada durante a ditadura militar. Além de Júlio, estão na lista tríplice os deputados Tiago Mitraud (Novo-MG) e Hiran Gonçalves (PP-RR). Agora, cabe ao presidente do conselho, Paulo Azi (União-BA), escolher um entre os três no momento que achar oportuno.
Inicialmente, foram sorteados como relatores da representação de Eduardo os deputados Mauro Lopes (PP-MG), Pinheirinho (PP-MG) e Vanda Milani (Pros-AC). Os três pediram a retirada dos nomes e foram substituídos. Eduardo Bolsonaro foi alvo de representações dos partidos PCdoB, PT, Psol e Rede, que foram agregadas.
No dia 3 de abril, a jornalista publicou um artigo intitulado "Única via possível é a democracia". "Qual é o erro da terceira via? É tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia", escreveu Leitão no Twitter.
O deputado, então, republicou o texto com a seguinte mensagem: "Ainda com pena da (imagem de cobra)". A jornalista já relatou em diversos momentos que, durante a ditadura militar, quando estava grávida, foi torturada e deixada em uma sala escura com uma cobra. Miriam Leitão é constantemente alvo de críticas da família Bolsonaro.
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Na representação, o PCdoB afirmou que o deputado "foi muito além do deboche". "O parlamentar do PL fez verdadeira apologia da tortura, na medida em que o réptil a que fez referência foi instrumento de tortura psicológica cruel e que revela a mente sádica de quem a praticou", pontuou. O partido protocolocou a representação no dia 4 de abril e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), remeteu ao conselho no dia 12.
Em abril, quando se defendia de representações no Conselho de Ética, Eduardo Bolsonaro afirmou que tinha feito uma piada sobre o assunto. "Miriam Leitão, que se diz torturada, assim como todas as pessoas que estão nos presídios que dizem que foram torturadas por policiais. Ela, tendo como única prova o depoimento dela, diz que foi torturada, e eu tenho que acreditar na versão dela. Eu não posso sequer fazer uma piada", disse.