Lula e Alckmin convidam sete siglas para reunião nesta quarta no RS
Encontro em hotel visa garantir mais de um palanque ao petista e tentar resolver divergências que arriscam deixar esquerda fora do segundo turno no Estado
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Começa muito antes do evento público marcado para o final da tarde desta quarta-feira, 1º, no Pepsi on Stage, a agenda política do ex-presidente Lula (PT) e seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), no RS. O comando da pré-campanha de Lula marcou uma reunião às 11h no Hotel Plaza São Rafael, para a qual foram convidados representantes de sete siglas: PT, PCdoB, PV, PSB, Psol, Rede e Solidariedade. O encontro tem duas pautas específicas: deixar ‘amarrados’ os palanques de Lula na campanha para as eleições presidenciais no RS e, mesmo que difícil, ainda tentar encaminhar um entendimento entre PT e PSB na disputa regional. O PSB lançou o ex-deputado Beto Albuquerque ao governo há quase nove meses. Beto articulava o apoio petista com lideranças nacionais, mas o PT gaúcho não cedeu, e também lançou pré-candidato ao Piratini, o deputado estadual Edegar Pretto. Nenhuma das siglas aceita desistir da cabeça de chapa e Beto passou a negociar com o PDT, com possibilidade concreta de abrir palanque a Ciro Gomes na eleição presidencial.
A comitiva de Lula chega ao Estado pela manhã e vai medir ‘in loco’ o tamanho das resistências. Elas, inclusive, vêm colocando em risco a possibilidade de o ex-presidente ter um palanque no segundo turno. Nesta terça, entre as siglas, já circulava um recado dos socialistas aos petistas: o de que aguardam até o final do dia por uma sinalização sobre a possibilidade de o PT gaúcho abrir mão da pré-candidatura de Edegar e apoiar Beto para, então, definirem sobre quais cartas vão ‘colocar na mesa’ amanhã. Eles ainda não confirmaram presença e farão uma rodada de conversa com a direção nacional do partido na tarde de hoje para tratar da questão. O pior dos cenários, que já chegou a ser aventado, seria não enviarem representantes para a reunião, ou, então, se fazerem representar por correligionários sem ‘poder de mando’.
A tensão é tamanha que, entre lideranças envolvidas na construção da campanha, já há quem defenda que o mais importante é o PSB gaúcho garantir palanque para Lula sob qualquer cenário, ou seja, mesmo que sua negociação com o PDT tenha êxito e Beto abra palanque a Ciro. Em diferentes municípios, o PT vem insistindo na preparação da abertura de comitês conjuntos com o PSB para a chapa Lula/Alckmin, mas a ordem no PSB, por enquanto, é ‘aguardar’. Outro desafio do PT é manter no RS o mesmo alinhamento do Psol que existe a Lula dentro do Psol nacional. Desta forma, o ex-presidente pode marcar presença também no palanque do pré-candidato da sigla, o vereador Pedro Ruas.
Apesar de a informação ser negada publicamente, o insucesso das negociações entre PT e PSB já gerou as primeiras consequências ao bloco de siglas à esquerda no Estado, mesmo antes do início oficial da campanha. Na semana passada, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que o PT tentava convencer a ocupar a vaga do Senado na chapa de Edegar, declinou publicamente do convite. Ao tratar da questão no twitter, Manuela apenas citou que sempre trabalhou pela unidade. Interlocutores da ex-deputada, contudo, admitem que a falta de entendimento entre os partidos e a profusão de pré-candidatos do bloco de centro-esquerda e esquerda (PT, PSB, Psol e PDT) “desanimam qualquer um”.
A comitiva de Lula permanecerá no Estado ao longo da quinta, com agendas específicas para os setores da educação, da cultura e do cooperativismo.