Desgaste no PSDB não prejudica 3ª via, diz presidente do Cidadania
Roberto Freire disse que Doria teve ato de grandeza ao abandonar a pré-candidatura para abrir espaço para Simone Tebet, do MDB
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O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que os problemas internos do PSDB para decidir o rumo do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) não atrapalham a terceira via. Segundo ele, Doria teve um ato de grandeza ao retirar a pré-candidatura à Presidência da República. O anúncio do tucano foi feito nesta segunda-feira após longas discussões na legenda.
O Cidadania está com o MDB e o PSDB no grupo de partidos que se coloca como alternativa à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo também tinha antes o União Brasil, que desistiu por acreditar que o projeto era inviável. Freire defende que a indefinição, que se prolongou ao longo de quase todo o primeiro semestre deste ano, não prejudica ou desgasta a terceira via.
"Onde não teve imbróglio para decidir candidatura? Até na candidatura do Lula teve problema, com o Alckmin, e ainda é complicada a aliança com o PSB. Tem que ter processo de discussão, isso é normal. Eu diria a você que o PSDB tem suas contradições, mas continua unido. O exemplo é o Eduardo Leite, que parecia que ia sair do partido, mas voltou", disse ao R7.
Desistência de Doria
Em anúncio nesta segunda, Doria falou que desiste de sua pré-candidatura por entender não ser a escolha da cúpula do PSDB. Ele afirmou que se retira do pleito com o “coração ferido, mas com a alma leve”.
Para Freire, Doria teve um "gesto de grandeza que promove uma unidade bem possível da terceira via em torno da Simone Tebet". "Claro que [Simone] terá apoio dos três. Eu acho que o Doria deu sinal para isso. Ele não renunciou a candidatura no sentido de ter a unidade daquela outra candidatura que existia como possibilidade da terceira via", afirmou, referindo-se ao ex-governador do Rio Grande do Sul.
O presidente do Cidadania também comentou o assunto nas redes sociais. "Um gesto de grandeza de João Doria que só aumenta o respeito que por ele temos e só fortalece a unidade da chamada Terceira Via, em torno da candidata Simone Tebet. Todo respeito ao gesto e a pessoa de João Dória e a unidade que ele possibilitou é o nosso caminho. Simone Tebet para presidente", escreveu no Twitter.
A saída de Doria do jogo estimulou um grupo do PSDB que queria a candidatura de Leite à Presidência. Ele foi derrotado por Doria nas prévias, mas ainda era visto como um nome mais viável do que o ex-governador de SP. Parlamentares ligados a Leite se reúnem para discutir esse assunto ainda nesta segunda-feira.
A questão, no entanto, não tem apoio da cúpula e do partido de São Paulo. Como já mostrado pelo R7, o cenário paulista foi decisivo para a saída de Doria de cena. O PSDB quer o apoio da Prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB), para que o governador de SP, Rodrigo Garcia (PSDB), tenha sucesso nas eleições. A negociação entre os dois partidos girava em torno deste apoio em troca de Tebet na cabeça de chapa ao Palácio. O governo paulista é de grande importância aos tucanos, que comandam o Palácio dos Bandeirantes desde 1994.
O próprio presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, defendeu nesta segunda, após anúncio do Doria, candidatura única com o MDB e Cidadania, citando o nome de Tebet. "Temos um entendimento de diálogo com o MDB, vamos dar um passo agora. O nome de Simone é o nome posto nessa construção", afirmou.
Vice
Um nome para a vice ainda precisará ser definido, uma vez que Doria não quer compor como o segundo nome da chapa. O PSDB se reúne na próxima terça-feira, ocasião em que a questão deve ser discutida. Freire afirma que é preciso consolidar a candidatura de Tebet antes de discutir vice, mas nega que o nome tenha que ser obrigatoriamente do PSDB. "Temos tempo. Até porque não é momento de definir a vice-presidência. Quem sabe, podemos ter ainda surpresas na terceira via", disse.