Bolsonaro se encontra com empresários e debate parcerias na Rússia
Chefe do Executivo se reuniu com setor por cerca de 1h30, em hotel próximo à Praça Vermelha, em Moscou, nesta quarta
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No penúltimo dia de viagem à Rússia, nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro visitou Moscou e se encontrou com empresários de diversos setores. Entre as pautas discutidas, estão as áreas de agronegócio, defesa, energia e infraestrutura.
A reunião ocorreu em um hotel próximo à Praça Vermelha, um dos cartões-postais da capital russa, e demorou 1h30. Mais cedo, Bolsonaro se reuniu por cerca de 2h com o presidente Vladimir Putin. O mandatário brasileiro exaltou o diálogo com o país, defendeu a soberania das nações e pregou empenho pela paz.
No encontro com empresários, Bolsonaro, por sua vez, disse que conta com o apoio dos setores para acelerar a economia, freada pela inflação que ultrapassou os dois dígitos nos últimos meses.
A Rússia está entre os 15 maiores parceiros comerciais do Brasil. Em 2021, a parceria rendeu US$ 7,29 bilhões em negócios, ante os US$ 4,27 bilhões registrados em 2020 — o valor mais alto desde 2008. O comércio bilateral entre os países é concentrado na área de agronegócio (soja e carnes do lado brasileiro e fertilizantes, do russo).
Durante a reunião, empresários elevaram as projeções e defenderam que a parceria entre Brasil e Rússia chegue aos US$ 10 bilhões. Uma das ideias é que as empresas russas que vendem fertilizantes façam investimentos no país em larga escala.
Presente no encontro, o empresário Fernandes Marques, presidente da União Química, farmacêutica responsável pela fabricação da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19, no Brasil, afirmou que devem ser assinados, em breve, acordos bilaterais de apoio para que brasileiros façam investimentos na Rússia e vice-versa.
Marques avalia o encontro como positivo e destaca conversas sobre os setores de estratégia, defesa e biotecnologia. O presidente da farmacêutica contou, ainda, que houve a exibição de um vídeo-depoimento dado pelo presidente do banco do BRICS — grupo formado por cinco países emergentes — relatando oportunidades e recursos disponíveis para investimento dos russos em ações que envolvam as áreas de infraestrutura, energia e agronegócio.
Na reunião, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, que estava ao lado de Bolsonaro, comentou sobre as reformas aprovadas no Congresso Nacional, como a da Previdência, e em tramitação, a exemplo da tributária, e argumentou que há inúmeras oportunidades aos empresários russos no Brasil. A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, inclusive, vai analisar a reforma tributária na próxima quarta-feira.
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No início de janeiro, o grupo russo Acron fechou acordo com a Petrobras para a compra da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados), localizada em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. A assinatura do contrato depende de tramitação na unidade de governança da empresa estatal brasileira.
A UFN3 é uma unidade de fertilizantes nitrogenados, cuja construção se iniciou em setembro de 2011, mas foi interrompida em dezembro de 2014. Após concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 toneladas por dia e 2.200 toneladas por dia, respectivamente. A conclusão será de responsabilidade do comprador.
Inicialmente, estava prevista a participação da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, na comitiva brasileira à Rússia. No entanto, a titular teve teste de Covid-19 positivo na semana passada, impossibilitando presença no país russo.
Após realizar novo teste de detecção da doença, com resultado negativo, Tereza viajou, na terça-feira (15), para o Irã, na tentativa de ampliar as relações comerciais do agro brasileiro. No local, a ministra vai tratar da importação de ureia iraniana. A agenda consta visita à Petroquímica de Shiraz e à Câmara de Comércio de Shiraz.
Bolsonaro deve embarcar às 8h30 (horário local) para Budapeste, na Hungria, na quinta-feira. No país, o mandatário deve se encontrar com o primeiro-ministro Viktor Orbán. No dia seguinte, sexta-feira (18), o chefe do Executivo brasileiro deve visitar Petrópolis, município do Rio de Janeiro afetado pelas fortes chuvas que já provocaram pelo menos 66 mortes.