Teich expõe cronologia da semana em que deixou o cargo e pressão pela cloroquina

Teich expõe cronologia da semana em que deixou o cargo e pressão pela cloroquina

Ex-ministro da Saúde presta depoimento na CPI da Covid-19

AE

Teich expõe cronologia da semana em que deixou o cargo da Saúde

publicidade

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich expôs na CPI da Covid a cronologia de sua saída da pasta em maio, quando foi pressionado a ampliar as recomendações do uso da cloroquina para pacientes da Covid-19. Na semana em que pediu demissão do cargo, relembrou Teich, o presidente Jair Bolsonaro falou a apoiadores que o ministro da Saúde deveria estar afinado a ele, que defende o uso do medicamento sem eficácia comprovada, em divergência com Teich.

Um dia antes de deixar o cargo, houve uma reunião entre Bolsonaro e empresários na qual o chefe do Executivo afirmou que a aplicação da cloroquina seria expandida. Na noite, foi a vez do presidente falar em "live" nas redes sociais sobre a expansão do uso do medicamento. Foi a gota d'água para Teich. "Ai no dia seguinte eu peço a minha exoneração", relatou o ex-ministro.

Veja Também

"Naquela semana teve uma fala do presidente ali na saída da Alvorada onde ele fala que o ministro tem que estar afinado, e cita o meu nome especificamente. Na véspera, pelo que eu vi, tem uma reunião com empresários onde ele fala que o medicamento vai ser expandido. A noite em uma live onde ele coloca que espera que no dia seguinte vá acontecer isso, que vai ter uma expansão do uso, e aí no dia seguinte eu peço a minha exoneração", explicou Teich.

No depoimento, o ex-ministro repetiu que resolveu deixar a pasta onde atuou por quase um mês porque percebeu que não teria autonomia necessária para tocar as ações do ministério. "Aquela sequência mostrou que eu não teria autonomia para conduzir, e ali, não tinha sentido eu continuar. E até em respeito ao presidente, pela posição dele, ele que me colocou lá, ele que foi eleito pela sociedade. Então até numa posição natural, se o natural, já que não havia uma autonomia - e isso era um pré-requisito básico pra eu continuar -, na minha opinião, naquele momento, o certo seria em sair", disse o ex-ministro.

Teich afirmou ser "errado" o uso e prescrição da cloroquina para tratamento da Covid-19 a partir do momento em que se comprovou a ineficácia do medicamento no combate à doença. "A gente começava a ter dados naquele momento de que o medicamento não era eficaz. Então, o que eu sempre recomendei era que a gente tivesse estudos clínicos para que a gente pudesse avaliar os resultados", disse.

"Minha posição é sempre muito objetiva e simples. Se há validade científica que mostra uso, recomenda-se, se não, não", afirmou o ex-ministro. "A partir do instante que eu tenho um dado que mostre que não funcione, o ideal é que você não continue", declarou.

 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895