Relações entre Brasil e Estados Unidos não devem mudar após a posse de Biden, avalia professor
Derrota de Trump nas urnas representa uma derrota para Bolsonaro, afirma Ricardo Leães
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Apesar das discordâncias ideológicas entre Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, o Brasil não sofrerá grandes mudanças em seu relacionamento com o país, afirmou o professor de Relações Internacionais Ricardo Leães, em entrevista ao programa "Esfera Pública" da Rádio Gauíba. Isso porque, apesar do forte alinhamento de Bolsonaro com Donald Trump, o Brasil sempre manteve boas relações com o país norte-americano. "Em termos econômicos, é improvável que haja uma alteração significativa. O Brasil já vinha mantendo uma posição bastante favorável aos EUA no governo de Trump e a tendência é que não mude, mesmo que, eventualmente, haja desencontros e desacertos entre os presidentes", explicou Leães.
É provável que a perda de Trump nas urnas represente, para o chefe do Executivo no Brasil, uma derrota interna. Uma vez que Bolsonaro foi eleito com uma agenda muito alinhada aos ideais do empresário americano, além de ter se declarado amigo e colaborado na sua campanha eleitoral. "Bolsonaro se elegeu na esteira do que era o Trump, sua derrota também significou uma derrota para ele", destacou. Desta forma, e, devido a demora de Bolsonaro a reconhecer a vitória de Biden, é comum que surjam especulações acerca de retaliações que o país poderá sofrer com o democrata à frente da Casa Branca.
Expectativas são elevadas
Para Leães, a eleição do democrata gerou grandes expectativas. "Eu considero que há certo equívoco, recorrente de certas frustrações que muitas pessoas têm em relação ao Donald Trump e isso acabou se transformando em um otimismo excessivo em relação a Biden", disse ao se referir às primeiras medidas de Biden que revogaram ações do ex-presidente republicano.
Joe Biden assumiu como o 46º presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, e terá, entre os principais desafios, controlar a pandemia e os seus efeitos no país. Entre eles, o aumento considerável no número de desempregados e a diminuição dos salários, além do alto número de mortos pela Covid-19.