Não queremos uma guerra na América do Sul, diz Lula sobre crise entre Venezuela e Guiana
Países não entram em consenso sobre território de Essequibo, rico em petróleo
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou, nesta quinta-feira (7), sua crescente preocupação com a crise entre Venezuela e Guiana, e advertiu que a região não quer uma guerra entre países vizinhos.
"Vamos tratar com muito carinho porque se uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra, nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito", disse o presidente durante uma cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro, na qual propôs a mediação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na disputa pela região do Essequibo, rica em petróleo.
Lula ressaltou que o Mercosul não pode ficar "alheio" à crise, acrescentando que esse tema não deve "contaminar" a agenda da integração regional, que tem sido defendida pelo Brasil durante a Cúpula do Mercosul.
Nesta quarta-feira, no encontro de autoridades que antecedeu a Cúpula, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira defendeu a importância do bloco para a manutenção da paz no continente. "Num mundo conturbado por tantos conflitos, é sempre importante lembrar a contribuição do Mercosul para que a América do Sul constitua hoje a zona de paz mais extensa do mundo", disse o chanceler, que logo depois se reuniu com Lula e com o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Referendo
No último domingo, 3, mais de 95% dos 10,4 milhões de eleitores que participaram de um referendo promovido na Venezuela aprovaram a reivindicação do ditador Nicolás Maduro pelo território de Essequibo. A consulta pública é o capítulo mais recente em uma disputa centenária entre os dois países, que nunca chegaram a um consenso sobre a quem pertence à área.
O resultado não muda em nada o litígio que os dois países mantêm sobre a região na Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais alta instância judicial das Nações Unidas, cuja jurisdição Caracas não reconhece.
Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural com a Guiana, como em 1777 quando era Capitania Geral do Império Espanhol. O país apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulou uma decisão de 1899, que definiu os limites atuais.
Georgetown, no entanto, defende o laudo de 1899 e pede que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da ONU.