Eleições 2024: PSol dá mais um passo em direção à aliança com o PT em Porto Alegre
Congresso municipal oficializa intenção de negociar frente, e apresenta Luciana Genro e Tamyres Filgueira como pré-candidatas a prefeita e vice
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O Psol de Porto Alegre decidiu oficialmente que negociará com a federação PT/PcdoB/PV a formação de uma aliança para a disputa pela prefeitura da Capital em 2024. O Psol também integra uma federação partidária, com a Rede. A deliberação foi tomada durante o congresso municipal da sigla, realizado na tarde de domingo, no hotel Ritter.
Em paralelo, também no congresso, o partido apresentou os nomes para a composição de uma chapa majoritária: a deputada estadual Luciana Genro como pré-candidata a prefeita, e Tamyres Filgueira para a vaga de vice. Tamyres, que é ligada ao movimento sindical, foi ainda eleita a nova vice-presidente da sigla em Porto Alegre. Para a presidência, foi reconduzido o vereador Roberto Robaina.
A apresentação da chapa majoritária vai funcionar como uma espécie de ‘carta na manga’ para o caso de as negociações com o PT, que ocorrem há meses, não prosperarem. A tendência, contudo, é outra. Nos bastidores, as direções dos dois partidos costuram o entendimento para uma composição com o PT na cabeça de chapa e o Psol na vaga de vice. A indicação de Tamyres é mais um indicativo neste sentido.
Com ela, o Psol não ‘queima’ a reeleição de vereadores que também seriam candidatos competitivos em uma majoritária, mas que ficam sem mandato em caso de derrota. E evita embates a respeito da sobreposição de lideranças equivalentes ou de duas candidatas com perfis similares e, por consequência, que atingem as mesmas fatias do eleitorado.
Este seria o caso, conforme as avaliações nas legendas, de uma dobradinha com a deputada federal Maria do Rosário (PT) e Luciana Genro. Após algumas disputas internas que acabaram gerando o adiamento da definição, o PT confirmou, em 23 de novembro, Rosário como sua pré-candidata à prefeitura da Capital.
De público, o Psol, que abriu mão da realização de primárias (uma outra designação para prévias) entre legendas de esquerda como condição para a definição da candidatura ao Paço, cita a necessidade de um outro mecanismo para indicar o nome mais competitivo.
“Abrimos a possibilidade de aferir de outra forma, em nome da unidade, e porque não queremos que os nomes dividam. Mas precisaremos chegar a um modo de escolha”, afirma Robaina. Na prática, esse mecanismo tende a ser o entendimento entre as lideranças, sem formatos que possam gerar dissabores. “O mais importante, agora, é dar início ao processo para articulação de uma unidade”, completa o vereador.
Evento ocorreu em hotel de Porto Alegre / Foto: Ricardo Giusti
Partidos avaliam que, se ficarem sozinhos, aumentam as chances de entregar a reeleição para Melo
Nas tratativas que mantém com o PT, o Psol já estabeleceu temas que, em termos de programa, considera prioritários. A presidente estadual, deputada Luciana Genro, que desde este domingo é também pré-candidata à prefeitura caso a aliança não aconteça, elenca a tarifa zero no transporte coletivo da Capital, a garantia de fato de vagas na Educação Infantil e novas fórmulas de discussão do orçamento da cidade.
Há mais dois pontos, desgastantes aos petistas: a suspensão da privatização do Trensurb, que ainda não saiu do plano de desestatização do governo federal, e a relação conturbada entre a direção e os servidores do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). GHC, Trensurb e financiamento do transporte coletivo envolvem a esfera federal.
De ambas as partes, contudo, nem os pontos mais sensíveis são vistos como com chance de impedir a coalizão. Há, entre as duas siglas, o entendimento comum de que, sozinhos, partidos à esquerda correm o risco de entregar a reeleição ao atual prefeito, Sebastião Melo (MDB).
Pelo lado do Psol, há pelo menos outros dois grandes motivos. A chance real de chegar ao Executivo e a contrapartida ao gesto do PT em São Paulo. Lá, os petistas vão apoiar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à prefeitura, e deverão indicar o vice. Será a primeira vez desde 1985 que o partido não terá candidato à cabeça de chapa.
Da parte do PT, há também um bom motivo. A avaliação interna de que hoje, na Capital, apesar de ter menos história e ser significativamente menor em termos de estrutura partidária, o Psol conquistou espaços e eleitorado que já foram petistas, o que lhe colocou em uma condição de força no campo de siglas à esquerda. Por trás dessa avaliação estão os números das duas últimas eleições e a atual configuração da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Hoje, no Legislativo municipal, Psol e PT têm quatro cadeiras cada. Na eleições municipais de 2020, o Psol fez a primeira, o segundo e o quinto vereadores mais votados. Os três mais votados do PT ficaram na oitava, na 10ª e na 13ª posições no cômputo geral. Os quatro eleitos do Psol somaram 45.154 votos. Os quatro do PT, 20.746 votos.
Nas eleições seguintes, as gerais de 2022, a aliança entre as legendas e a inserção do vereador Pedro Ruas (Psol), vice do então candidato petista ao governo, Edegar Pretto, são tidas como essenciais na performance de Pretto, que por muito pouco não foi ao segundo turno.