Eleições 2024: deputados divulgam moção e expõem racha do PT sobre candidatura em Porto Alegre

Eleições 2024: deputados divulgam moção e expõem racha do PT sobre candidatura em Porto Alegre

Primárias servem de pretexto para aumentar tensionamento entre forças internas e partido, que pretendia anunciar nome de sua escolhida para concorrer à prefeitura em ato político neste sábado, corre o risco de precisar adiar definição

Flavia Bemfica

Eleições 2024: deputados divulgam moção e expõem racha do PT sobre candidatura em Porto Alegre

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A disputa que acontece dentro do PT para decidir qual de suas lideranças vai compor a chapa majoritária nas eleições à prefeitura de Porto Alegre no ano que vem ganhou mais um capítulo na manhã desta sexta-feira. Sete dos 11 deputados estaduais da legenda lançaram uma moção em defesa da realização de primárias entre representantes de partidos do campo da esquerda para definir qual deles será o candidato à prefeito e selar a construção de uma coalizão. O documento, divulgado horas antes da reunião do diretório municipal marcada justamente para tentar ratificar a deputada federal Maria do Rosário como pré-candidata petista para a composição da chapa majoritária e a articulação de alianças, evidencia o racha que se estabeleceu dentro da legenda.

A divisão se dá tanto em relação a escolha do nome do partido para disputar a prefeitura como sobre a realização ou não de primárias. Já há, na legenda, quem considere improvável que o PT apresente seu pré-candidato no ato político marcado para este sábado. O anúncio, costurado há meses, estava previsto para ocorrer no evento em que a sigla, pelo menos até esta sexta, pretendia mostrar como uma grande demonstração de união. E para o qual convidou representantes de praticamente todas as agremiações de centro-esquerda.

Em primárias (um nome alternativo para prévias), candidatos disputam no voto a preferência de partidários. Elas costumam gerar intensa movimentação nas legendas, mas, em alguns casos, dentro do próprio PT, já causaram fraturas internas que tiveram desdobramentos por décadas. A ferramenta é uma condição colocada pelo PSol para formar uma coalizão em Porto Alegre nas eleições de 2024. Pelo que foi posto até o momento, no caso de o processo vingar, a federação composta por PT/PcdoB/PV apresentaria um nome e aquela integrada por Psol/Rede, outro. Não há consenso sobre o universo de votantes. Há quem defenda que sejam apenas filiados, há quem considere a inclusão de integrantes de movimentos sociais e há quem argumente que o conjunto deva abarcar todas as pessoas que se identifiquem com uma candidatura de centro-esquerda e se inscrevam para votar.

“Precisamos construir uma frente que repense Porto Alegre e na qual não sejam impostos nomes, de um lado e de outro, que acabem nos levando a uma fragmentação. Seria um desastre para nós termos mais de um candidato de esquerda na Capital. Já é uma eleição muito dura. Queremos que as duas federações estejam dentro de uma composição e, ainda, fazer um esforço para poder contar com o PDT e o PSB”, sustenta o líder da bancada petista na Assembleia e signatário da moção, o deputado Luiz Fernando Mainardi. A manifestação deixa evidente as divergências.

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Em Porto Alegre, o debate sobre as primárias serem ou não viáveis entre as duas federações está, na verdade, servindo como justificativa para outra disputa, dentro do PT, e que ocorre de forma velada: a definição sobre quem o partido vai escolher como sua pré-candidata à prefeitura em 2024, com ou sem a adoção do processo. Além de Rosário, a deputada estadual Sofia Cavedon também postula a indicação. Ela e outros três deputados que integram sua corrente partidária estão entre os sete que assinam a moção desta sexta. Pelas articulações internas que vinham ocorrendo até a semana passada, Sofia deveria abrir mão da postulação e Rosário, com preferência no diretório, mas sem maioria consolidada, seria sagrada pré-candidata. Mas, em uma reviravolta nas tratativas, o grupo da deputada estadual decidiu ‘brigar’ pela indicação.

Primeiro, Sofia anunciou que vai apresentar na reunião do diretório um requerimento para que o colegiado, composto por 44 membros, vote se aceita ou não a realização de primárias entre pré-candidatos de partidos e federações. A discussão do processo não estava na pauta da reunião do colegiado, que, inicialmente, ratificaria o nome da escolhida para a disputa de 2024 e encaminharia a recomposição do comando da sigla na Capital, substituindo a atual presidente, Maria Celeste, pela deputada estadual Laura Sito.

O movimento da parlamentar gerou desgaste para os articuladores de Rosário, uma série de ruídos internos e, ainda, com os dois partidos federados, o PcdoB e o PV. E a reunião, que estava marcada para quarta, foi transferida para a noite desta sexta. Os articuladores de Sofia partiram então para o segundo lance: a exposição do apoio de parte da bancada estadual. Por tabela, o movimento tenta aumentar o protagonismo do grupo nas negociações com o Psol, mesmo que exponha, também, uma disputa com o comando partidário municipal, a instância responsável pelo encaminhamento de alianças.

Confira a moção na íntegra: 


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