Porto Alegre: proposta de primárias para definir candidato causa mal-estar na federação PT/PCdoB/PV

Porto Alegre: proposta de primárias para definir candidato causa mal-estar na federação PT/PCdoB/PV

Presidente do diretório petista em Porto Alegre considera movimento 'açodado' e assegura que assunto não estava sendo trabalhado nem dentro do partido e nem com as siglas federadas

Flavia Bemfica

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A possibilidade de realização de primárias entre pré-candidatos das federações PT/PcdoB/PV e Psol/Rede à prefeitura de Porto Alegre, como etapa para a formação de uma frente de esquerda nas eleições de 2024, será assunto da reunião da executiva municipal do PT, na noite desta terça-feira. As primárias, nome alternativo para prévias, são colocadas como condição pelo Psol para a formação da coalizão na Capital, mas geram contrariedades na federação PT/PcdoB/PV.

Neste tipo de processo, dois ou mais postulantes disputam, no voto, a indicação. O vencedor fica com a cabeça de chapa. O formato costuma gerar intensa movimentação partidária mas, no passado, já mostrou, em alguns casos, potencial para transformar adversários em inimigos políticos. No PT, a deputada federal Maria do Rosário e a estadual Sofia Cavedon colocaram os nomes a disposição para concorrer à prefeitura no ano que vem. No Psol a preferência tem se acumulado sobre a deputada federal Fernanda Melchionna.

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As contrariedades sobre ‘se’ e ‘como’ fazer primárias viraram mal-estar dentro da federação PT/PcdoB/PV no final da semana passada, quando Sofia anunciou que pretende levar à votação, na reunião do diretório municipal, marcada para a quarta à noite, uma proposta para a realização do processo entre possíveis aliados do campo da esquerda. O diretório é composto por 44 membros. A deputada estadual afirmou que a proposição vem sendo trabalhada previamente com diferentes correntes da legenda. Mas a presidente do diretório municipal petista, Maria Celeste, assegura que o tema, até o momento, não foi trabalhado nem internamente no partido e muito menos com as siglas federadas: PcdoB e PV.

“Todos somos favoráveis, em tese, às primárias, mas não fizemos nenhuma discussão a respeito. Fazer esse caminho de forma açodada não tem sentido. A história já nos mostrou o preço que podemos pagar por determinados movimentos e o quanto são importantes não só avanços, mas também recuos”, afirma Maria Celeste. A presidente assinala ainda que a legenda não pode ignorar o fato de que integra uma federação. “Logo, toda e qualquer proposição em direção a outra federação ou partido precisa passar pela construção comum com nossos aliados prioritários”, adianta. Internamente, diferentes lideranças petistas dizem que o resultado do movimento, neste momento, foi mais negativo do que positivo. “Passamos os últimos dias apagando incêndios. O constrangimento com o PcdoB é palpável”, assegura uma delas.

Legenda pretende anunciar no sábado nome para composição da chapa na Capital

Como forma de organizar antecipadamente o processo de articulação para as eleições municipais de 2024, o PT de Porto Alegre estabeleceu um cronograma de atividades que culmina com uma conferência final e ato político no próximo sábado, dia 28, na sede estadual do partido. O objetivo é o de, nesta conferência, apresentar o nome que a sigla pretenda seja o que vai compor a chapa para a disputa, de forma a que essa liderança participe ativamente das negociações para alianças. Apesar de Sofia postular a indicação, quem hoje tem mais força para ser anunciada no sábado como a escolhida é a deputada federal Maria do Rosário.

Já a pauta da reunião do diretório, marcada para a noite de quarta, na sede municipal, também não incluía o debate sobre primárias, apesar de o regimento permitir que, na hora, ocorra a apresentação da proposta. Originalmente a reunião seria realizada para tratar da aprovação do relatório final resultante das atividades realizadas ao longo dos últimos meses como preparatórias do processo eleitoral e para decidir a recomposição da executiva municipal. Maria Celeste está renunciando ao posto após ter sido indicada a cargo do governo federal. Ela deverá ser substituída no comando partidário pela deputada estadual Laura Sito.


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