Política

Escolas cívico-militares: ministro fala sobre futuro dos colégios que saem do programa

Descontinuidade do modelo contará com acompanhamento de transição

Descontinuidade do modelo contará com acompanhamento de transição
Descontinuidade do modelo contará com acompanhamento de transição Foto por: Luis Fortes / MEC / CP

O ministro da Educação, Camilo Santana, reforçou nesta quinta-feira,13, que não haverá fechamento das escolas que aderiram ao modelo cívico-militar do governo federal. o governo Lula (PT) anunciou nesta semana que vai interromper o programa, criado em 2019, na gestão Jair Bolsonaro (PL). Segundo Santana, o Ministério da Educação (MEC) fará o acompanhamento da transição das instituições de volta à rede regular de ensino.

O ministério disse às secretarias de Educação que as redes deverão desmobilizar os agentes das Forças Armadas envolvidos no projeto e retornar gradualmente ao formato tradicional, conforme o Estadão revelou na quarta-feira.

"Quero garantir aos estudantes das 202 escolas integrantes do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), e a seus familiares, que não haverá fechamento de unidades e tampouco prejuízo aos alunos. A descontinuidade do modelo atenderá a uma política de transição, com acompanhamento e apoio do MEC junto a estados e municípios", escreveu Santana no Twitter.

A Casa Civil finaliza um decreto para pôr fim ao programa e fixar um prazo para que o MEC oriente as redes sobre o tema. Também no Twitter, o ministro garantiu que a transição será feita com apoio técnico e o direito dos estudantes será mantido.

"Nossa prioridade é garantir os direitos dos estudantes e da comunidade escolar nesse grupo, que corresponde a 0,15% das 138 mil escolas públicas do Brasil. Seguiremos trabalhando na construção das políticas para os nossos estudantes da rede pública, investindo em programas como o de Escolas de Tempo Integral e conectividade nas escolas, que irão beneficiar toda a rede pública brasileira", disse.

Atualmente, o Brasil tem 202 escolas inseridas no Pecim. Há unidades estaduais e municipais. O programa foi a principal iniciativa do governo Bolsonaro na Educação.

As escolas cívico-militares têm a administração compartilhada entre militares e civis. São diferentes dos colégios militares, mantidos com verbas do Ministério da Defesa ou da Polícia Militar local e com autonomia para montar currículo e estrutura pedagógica. Os colégios militares também costumam ter professores com salários mais altos e fazem seleção de alunos.

Na nota técnica, obtida pelo Estadão, que sustentou a decisão de finalizar o programa, o MEC afirma que "há problemas de coesão/coerência normativa entre sua estrutura e os alicerces normativos do sistema educacional brasileiro", diz ainda que a iniciativa induz a desvio de finalidade das atividades das Forças Armadas e destaca que a execução orçamentária do programa foi "irrisória".

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o formato cívico-militar é pouco efetivo do ponto de vista pedagógico e tem alcance limitado a poucas escolas (o programa federal atinge menos de 0,1% das unidades de ensino básico do País). "Não se constrói educação de qualidade simplesmente respeitando normas militares", diz a ex-diretora de Educação do Banco Mundial Claudia Costin.

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