Em sessão tumultuada, marcada por manifestações nas galerias, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul adiou ontem novamente a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do Hino, que busca restringir possíveis alterações em símbolos do Estado, como o hino.
Após discussões, a sessão foi encerrada em função da retirada de quórum, com o registro de apenas 23 deputados. O movimento pela retirada das presenças foi feito pela ala que apoia a PEC do Hino, que é de autoria do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL).
Assim, a votação abre, obrigatoriamente, a próxima sessão, na terça-feira. Essa será a última antes do recesso parlamentar. A votação não poderá ser adiada novamente pois os deputados deverão analisar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na mesma sessão.
Emenda gera discussão
A retomada da discussão do projeto ontem começou com polêmica. Isso porque a bancada do PDT, por decisão da executiva nacional, decidiu por retirar uma emenda, que havia sido acordada entre os líderes. Baseada em outro projeto do deputado Luiz Marenco (PDT), a ideia era exigir que uma alteração poderia ocorrer desde que passasse por um referendo junto à população.
Além da intervenção da executiva nacional do partido, houve também a costura de um acordo para que as bancadas do PT, PCdoB e PSol votassem favoráveis ao PL 2/2021, de Marenco, que condiciona mudanças nos símbolos à aprovação por meio da consulta popular. “Fiz o que achava certo”, afirmou o pedetista.
O movimento da bancada do PDT de retirar a emenda gerou reação de parlamentares favoráveis à PEC. Na tribuna, Lorenzoni (PL), autor da proposta, disse ser “do tempo que a palavra vale”. Logo após, emenda com a mesma redação foi protocolada pelo deputado Guilherme Pasin (PP).
Contrário à PEC, o deputado Matheus Gomes (PSol) disse entender que a proposta inicial da PEC, que antes da emenda pregava a imutabilidade dos símbolos, não tinha legitimidade e defendeu o debate.
Afirmou ainda que o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) aceitava discutir a ideia. “A bancada negra não apresentou proposta de alteração do hino, o que estamos fazendo é um debate”, ressaltou o deputado, que integra a bancada negra na Assembleia.
Manifestações nas galerias abriram sessão
O ambiente no plenário da Assembleia ficou tenso antes mesmo da discussão do projeto. Isso porque, após o período do grande expediente, que homenageou a cidade de Viamão, parte da galeria entoou o hino rio-grandense, enquanto movimentos negros responderam aos gritos de “racista” quando do trecho “povo que não tem virtude, acaba por ser “escravo”.
Neste momento chegou a ocorrer um princípio de confusão. Os lados a favor e contra à PEC do Hino levaram a discussão para âmbito nacional com gritos contra o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Presidente da Assembleia, Vilmar Zanchin (MDB) pediu calma aos presentes e chegou a suspender a sessão.
Após o tumulto inicial, manifestantes de entendimentos opostos foram orientados a ingressar nas laterais das galerias, com a parte central sendo esvaziada. Mesmo assim, seguiram fazendo manifestações durante as falas nas tribunas dos deputados.
Manifestantes que apoiam PEC do Hino e integrantes do movimento negro são orientados a ingressar nas laterais das galerias. Parte central agora está esvaziada.
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Provocações nas galerias do plenário da AL-RS enquanto os deputados discutem e votam a PEC do Hino.
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Houve um princípio de confusão. Manifestantes do movimento negro entoam "fascistas, racistas não passarão". Os lados a favor e contra a PEC do Hino levaram a discussão para âmbito nacional com gritos contra Lula e Bolsonaro.
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Deputado Luiz Marenco (PDT) fala sobre a retirada da emenda e que, pessoalmente, não vê racismo na letra atual do hino.
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Deputado Matheus Gomes (PSol) fala sobre a retirada de quórum dos apoiadores da PEC do Hino. Parlamentar é contrário ao projeto.
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Deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) diz que deputado Luiz Marenco (PDT) quebrou acordo para votação da PEC do Hino. Parlamentar disse não buscar personalizar a questão e que vai procurar novamente o pedetista para dialogar.
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