Política

Itamaraty diz que dívida da Venezuela impede novos financiamentos

Ainda de acordo com a pasta, o país governado por Nicolás Maduro tem demonstrado "disposição de retomar os pagamentos"

Itamaraty diz que dívida da Venezuela impede novos financiamentos
Itamaraty diz que dívida da Venezuela impede novos financiamentos Foto por: Lula Marques / Agência Brasil / Divulgação / CP

A ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, encaminhou ofício à Câmara dos Deputados em que afirma que o Brasil não vai disponibilizar crédito à Venezuela enquanto o país, governado pelo ditador Nicolás Maduro, não quitar suas dívidas. A informação foi dada após requerimento do deputado federal professor Paulo Fernando (Republicanos-DF). "É vedado ao Brasil, à luz da legislação interna, estender novas linhas de financiamento para a Venezuela até que o país retome os pagamentos da dívida", diz o documento do Itamaraty. 

"Em contatos bilaterais, a Venezuela tem indicado a disposição de retomar os pagamentos da dívida com o Brasil. Os valores devidos pela Venezuela são inscritos no Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos - CCR/ALADA. As parcelas em atraso contavam com cobertura do Seguro do Crédito às Exportações e foram indenizadas com recursos do Fundo de Garantia às Exportações (FGE)", acrescenta o texto do Itamaraty.

Entre as dívidas da Venezuela com o Brasil estão os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O país vizinho deve cerca de R$ 3,5 bilhões. No requerimento, o parlamentar questiona como e quando o governo vai demandar a Venezuela quanto ao pagamento das parcelas em atraso da dívida mantida com entidades brasileiras. Fernando pergunta também qual foi prejuízo causado ao Tesouro Nacional, por meio do Fundo de Garantia à Exportação, em relação ao calote da Venezuela. 

Em sua argumentação, o parlamentar cita a situação do país vizinho. "O descalabro econômico, social e político das últimas duas décadas do socialismo bolivariano produziu uma catástrofe humanitária na Venezuela e uma crise migratória nos países vizinhos, após o êxodo de mais de 7,1 milhões de venezuelanos do seu país", diz.

O parlamentar ainda questionou a ida do assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, à Venezuela, em março deste ano. A delegação, informou a chancelaria, foi composta por Amorim, pelo assessor-chefe adjunto, Audo Faleiro, e pela assessora Juliana Benedetti.

“O objetivo da visita foi definir passos para a plena retomada das relações bilaterais com a Venezuela, colher informações sobre as perspectivas de entendimento entre o governo e as forças de oposição venezuelanas e sinalizar a intenção brasileira de retomar o processo de integração regional sul-americana”, respondeu o Itamaraty.

Mesa para debater dívida

Em junho, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Maduro se comprometeram em criar uma mesa para debater a dívida do país vizinho com o Brasil. "Instruíram as áreas competentes de ambos os governos a estabelecer um diálogo sobre uma solução para as dívidas existentes, reabrindo os canais comerciais entre os dois países. Nesse sentido, saudaram o estabelecimento de uma mesa técnica para iniciar o tratamento do tema nos próximos dias", diz o comunicado.

Lula e Maduro se encontraram ao menos duas vezes na véspera da Cúpula da América do Sul, em Brasília. O ditador venezuelano tinha dito na ocasião que uma comissão bilateral definiria os valores da dívida do país vizinho com o Brasil. "Você sabe qual é o tamanho da dívida?", questionou Lula durante declaração rápida a jornalistas. O venezuelano, por sua vez, respondeu: "Vai ser estabelecida uma comissão para saber esse tamanho [da dívida] e para retomar os pagamentos. A comissão vai estabelecer a verdade".

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