Política

No Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula veta trecho da MP da Mata Atlântica

A emenda, aprovada por deputados e rejeitada por senadores, dificultava a proteção do bioma, de acordo com especialistas

No Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula veta trecho da MP da Mata Atlântica
No Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula veta trecho da MP da Mata Atlântica Foto por: Evaristo Sa / AFP / CP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou diversos atos e medidas nesta segunda-feira — data em que é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente —, em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto que contou com a presença de diversas autoridades, entre elas Marina Silva. Durante a agenda, foi anunciado o veto do petista a um trecho da medida provisória da Mata Atlântica.

Na semana passada, a ministra do Meio Ambiente havia dito que Lula iria vetar o trecho 2 da proposta, que dificulta a proteção do bioma. A parte vetada permite a instalação de linhas de transmissão de energia, gasodutos e sistema de abastecimento público de água na mata sem um estudo prévio de impacto ambiental nem compensações.

A permissão tinha sido incluída pela Câmara no texto, durante a primeira análise da MP, mas esse trecho havia sido retirado da medida pelos senadores, com o argumento de que as mudanças poderiam trazer riscos ao bioma e fugiam da temática do texto original, o que é chamado no Congresso de "jabuti".

Durante a agenda, o governo também relançou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). O programa foi iniciado na primeira passagem de Marina à frente do Meio Ambiente, em 2004, com o objetivo de reduzir o desmatamento e criar as condições para a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal. Segundo o Executivo, o projeto tem como norte três eixos temáticos: ordenamento fundiário e territorial; monitoramento e controle ambiental; e fomento a atividades produtivas sustentáveis.

Além de Marina, a cerimônia teve a participação do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e dos ministros Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Fernando Haddad (Fazenda), assim como dos governadores Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba) e Antonio Denarium (Roraima). Lideranças indígenas, embaixadores, como o da Noruega, e parlamentares, a exemplo de Gleisi Hoffmann (PT-PR), estiveram presentes à agenda.

Beatriz de Almeida Matos e Alessandra Sampaio, viúvas de Bruno Pereira e Dom Phillips, também estavam no evento. O indigenista e o jornalista britânico foram assassinados no vale do Javari, na região amazônica, em 2022. Eles, que haviam desaparecido em 5 de junho, partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino. Pescadores admitiram ter matado os dois.

Atos

Lula também assinou o decreto que institui o Conselho Nacional para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O conselho vai discutir questões relacionadas à infraestrutura, à logística e à organização da agenda do evento, além de promover a interlocução do governo com demais órgãos e entidades.

Outro decreto assinado prevê o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, cuja finalidade é acompanhar a implantação de ações e políticas públicas da Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC). O petista também instituiu o Parque Nacional da Serra do Teixeira, localizado na Paraíba.

MP da Esplanada dos Ministérios

A cerimônia em comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente ocorre dias após a aprovação da medida provisória de reestruturação da Esplanada dos Ministérios pelo Congresso Nacional. Na prática, a proposta retirou poder dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.

O relatório da MP, feito pelo deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), foi elogiado pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do Executivo. O político afirmou que o texto não era o ideal, mas que o governo iria defender a proposta do jeito que foi construída.

Durante a tramitação do texto, Marina criticou a medida diversas vezes. "Qualquer tentativa de desmontar o sistema nacional do meio ambiente brasileiro é um desserviço à sociedade e ao Estado brasileiro. Isso pode criar gravíssimos prejuízos aos interesses econômicos, sociais e ambientais de nosso país", afirmou a ministra.

A medida provisória assinada por Lula que definiu a composição da Esplanada foi aprovada no último dia antes de perder a validade, e os principais líderes do Congresso disseram que a proposta só não foi rejeitada em solidariedade à base do governo no Parlamento. Na sexta-feira (2), o presidente admitiu dificuldades na articulação política e reconheceu que o Executivo correu o risco de perder ministérios.

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