Veja os principais pontos do marco temporal das terras indígenas, que pode ser votado nesta terça

Veja os principais pontos do marco temporal das terras indígenas, que pode ser votado nesta terça

Proposta, que prevê demarcação apenas de terras já ocupadas até promulgação da Constituição de 1988, divide indígenas e ruralistas

R7

Veja os principais pontos do marco temporal das terras indígenas, que pode ser votado nesta terça

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O projeto de lei do marco temporal de demarcação de terras indígenas está na pauta de votações do plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (30). A proposta defende a tese de que os povos indígenas só possam reivindicar as terras já ocupadas por eles antes de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. O R7 separou os principais pontos da proposta.

Regime de urgência

O regime de urgência para o projeto do marco temporal foi aprovado pela Câmara na semana passada. A bancada ambientalista teme um prejuízo às pautas, sobretudo, considerando neste contexto as alterações feitas à medida provisória que reestrutura os ministérios. 

Urgência desagradou parlamentares

A votação sobre a urgência desagradou a parlamentares da Rede e do PSOL, PT, PCdoB e PV. As bancadas tentam segurar a deliberação até que haja uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.

A ação que a Corte vai analisar trata do caso de uma terra indígena de Santa Catarina. No entanto, a decisão terá repercussão geral, ou seja, vai valer para todos os processos do tipo no país. 

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Julgamento no STF

O julgamento está marcado para o dia 7 de junho, e o relator da ação, ministro Edson Fachin, votou contra a tese do marco temporal. Por isso, a bancada ruralista pressiona pelo movimento contrário: de acelerar a deliberação do tema antes de uma decisão do STF. O relator da proposta, deputado federal Arthur Oliveira Maia (União-BA), é favorável à aprovação do texto, sustentando que há insegurança jurídica sobre o tema. 

Mudanças na MP esvaziam ministérios

No relatório da MP 1.154, de 2023, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) acolheu demandas da bancada ruralista e retirou do escopo do Ministério do Meio Ambiente a atribuição do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que vai para o Ministério da Gestão. Já a Agência Nacional das Águas (ANA) passa a ser vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

Quanto ao Ministério dos Povos Indígenas, a demarcação de terras indígenas é direcionada à pasta da Justiça. Sob a gestão da ministra Sônia Guajajara ficariam apenas os territórios já homologados, com a justificativa de "promover a continuidade das políticas destinadas aos povos indígenas, bem como por reconhecer que a temática ora tratada tem a sua alocação mais natural no âmbito do Ministério da Justiça". Guajajara articula a proposta com parlamentares ligados às causas indígenas para tentar revertê-la.

Articulações

A MP também tem previsão de ser votada no plenário da Câmara desta terça (30), e o governo teme que um embate a essas mudanças possa prejudicar a aprovação da medida, que vence na quinta-feira (1º) e ainda precisa passar pelo plenário do Senado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu articular para reverter as alterações às pastas ambientalistas, mas a avaliação de parte da própria base do governo no Congresso é de que esta tentativa pode não gerar efeitos práticos.

Para o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, as mudanças não vão trazer prejuízos às pautas ambientais. "Isso não impede o governo de implementar suas políticas. Não são ministérios isolados, é um time articulado, de implementar suas políticas de sustentabilidade", declarou.

Marina Silva critica: "É um dos piores sinais"

Na Câmara, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, divergiu. Ela criticou a retirada de atribuições da pasta e disse que essas alterações fecham janelas de oportunidades para a transição para um país da sustentabilidade. Sobre a retirada da demarcação de terras indígenas e da Funai do Ministério dos Povos Indígenas, Marina afirmou que este "é um dos piores sinais". Segundo ela, isso significa dizer "que os indígenas não têm isenção para fazer o que é melhor para eles mesmos em relação a suas terras".


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