Oposição planeja apresentar relatório paralelo da CPMI do 8 de Janeiro

Oposição planeja apresentar relatório paralelo da CPMI do 8 de Janeiro

Estratégia é levantada para o caso de conclusão da relatora Eliziane Gama ir contra o que esperam os aliados de Jair Bolsonaro

R7

A CPMI é formada por 16 senadores e 16 deputados federais titulares, com igual número de suplentes de cada Casa

publicidade

Já no primeiro dia de trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para apurar os atos extremistas de 8 de janeiro, a oposição no Congresso planeja elaborar um relatório paralelo caso a responsável por organizar as conclusões vá contra o que esperam os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), já indicou que quer focar à investigação no que antecedeu os ataques aos prédios dos Três Poderes e falou em identificar os autores intelectuais e financiadores, já que os executores já estão na mira do Judiciário.

A sinalização não agrada a oposição, que questiona as prisões em massa e mira a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por suposta omissão em tentar impedir os invasores. O senador Jorge Seif (PL-RJ), integrante da CPMI, defendeu que dentro do Senado, da Câmara e das CPIs que já existiram, "a questão de relatórios paralelos não é nenhuma novidade". "Existe essa prática e creio sim que possamos fazer um relatório paralelo caso entendamos que a senadora Eliziane Gama não esteja relatando conforme percebamos a evolução das investigações", afirmou. 

Filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que a oposição vai atuar na defesa de que, por parte do pai dele, não houve nenhum tipo de dolo ou incentivo às invasões. "Temos obrigação de defender a verdade e aqueles que até hoje estão injustamente presos porque estavam pleiteando mais transparência no processo democrático", disse. 

Flávio completou que, dependendo dos requerimentos aprovados e da pessoa convocada, "a gente vai ter uma estratégia própria". "Quem estava no governo à época não era Bolsonaro e temos sim que apurar as responsabilidades, em específico no tocante às omissões, se foram propositais ou não", indicou.

Questionamento sobre relatoria

Mesmo com acordo da maioria dos membros, a oposição diz que vai questionar na Justiça a escolha de Eliziane Gama para a relatoria do colegiado. Segundo o senador Marcos do Val (Podemos-ES), o resultado do relatório seria prejudicado porque a senadora seria uma aliada do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

"Vou pedir o afastamento ou a troca da relatora pela questão da parcialidade. Quando o ministro Flávio Dino esteve no Senado, quem sentou ao lado dele foi Eliziane Gama", afirmou Marcos do Val. Desde o início do movimento pela criação da CPMI, o senador pleiteia a vaga de relator.

Em resposta, Eliziane disse que "não vai ser intimidada" pela oposição. "Ser aliada de Flávio Dino ou adversária de quem quer que seja não inviabiliza minha atuação aqui", afirmou.

Veja Também


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895