Política

Bolsonaro tinha "plena ciência" de dados falsos sobre vacinação, afirma PF

Investigação considera a possibilidade de que ex-presidente tenha cometido ainda crime de corrupção de menores diante do caso

Bolsonaro disse que Forças Armadas da Venezuela estão rachadas
Bolsonaro disse que Forças Armadas da Venezuela estão rachadas Foto por: Alan Santos / PR / CP Memória

Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua equipe tinham a plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação. Mais cedo, o ex-chefe do Executivo foi alvo de operação da corporação por suposta falsificação da carteira vacinal.

"Os elementos informativos colhidos demonstraram coerência lógica e temporal desde a inserção dos dados falsos no sistema SI-PNI até a geração dos certificados de vacinação contra a Covid-19, indicando que JAIR BOLSONARO, MAURO CESAR CID e, possivelmente, MARCELO COSTA CAMARA tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", diz trecho do documento, obtido pela reportagem.

"Tais condutas, contextualizadas com os elementos informativos apresentados, indicam que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente da República", completa.

O documento é assinado pelo delegado Fábio Alvarez Shor. Mais cedo, Bolsonaro foi alvo de operação da PF para investigar a atuação de uma associação criminosa que inseria dados falsos de vacinação nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. Em entrevista, o ex-presidente disse que não tem dúvida de que a ação da qual foi alvo tinha a intenção de "esculachá-lo".

"Não há dúvida que eu chamo de operação para te esculachar. Podiam perguntar sobre vacina, cartão, eu responderia sem problema nenhum. Agora uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a presidência até agora, não sei quando isso vai acabar. O que eu fico emocionado é que mexer comigo sem problema, mas quando vai para a esposa, para filhos, aí o negócio é desumano", afirmou.

Corrupção de menores

A investigação também considera a possibilidade de que Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tenham cometido crime de corrupção de menores, em razão da emissão de um certificado falso de vacinação contra a Covid-19 da filha mais nova do casal, Laura.

O documento falso contém a informação de que a filha do ex-presidente foi imunizada com três doses da vacina contra a Covid-19 e foi emitido em 27 de dezembro, às vésperas da viagem da adolescente para os Estados Unidos, junto com Bolsonaro e Michelle. "Obviamente, Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro têm plena ciência de que os dados de vacinação em nome de sua filha menor de idade são ideologicamente falsos", diz o relatório da PF.

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