Em 2020, Bolsonaro disse que "jamais" teria seu telefone apreendido
Declaração foi feita a uma rádio enquanto o ex-presidente era investigado por suspeita de interferência na Polícia Federal
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Em maio de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro afirmou que nunca teria seu celular apreendido, após o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello consultar a Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de confiscar o aparelho para apurar as possíveis interferências relatadas pelo ex-ministro Sergio Moro na Polícia Federal. "Jamais pegarão meu telefone", disse o ex-presidente em entrevista à Jovem Pan. "Só se fosse um rato para entregar meu telefone”, declarou.
Na operação da PF desta quarta-feira que apura falsificação de dados sobre vacinação contra a Covid, o ex-presidente teve o aparelho apreendido. Em postagem em sua rede social, a ex-primeira dama Michelle negou que seu aparelho tenha sido levado pelos agentes da PF.
Investigação de interferência na PF
Bolsonaro foi investigado por uma susposta interferência na Polícia Federal em 2020. O inquérito foi aberto após o atual senador Sergio Moro (União-PR), que na época deixava o cargo de ministro da Justiça, afirmar que o presidente havia dito em uma reunião que interferiria na superintendência da corporação no Rio de Janeiro. O ato, de acordo com as acusações, ocorreria para que o chefe do Executivo protegesse amigos e parentes no estado.
Na época, o ministro Celso de Mello enviou para a PGR um pedido para a apreensão dos celulares de Bolsonaro e do filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro. O general Augusto Heleno, que ocupava o cargo de chefe do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou em nota que o pedido de apreensão do celular do presidente era "inconcebível" e, até certo ponto, "inacreditável". A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente não interferiu na corporação.
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Supostas fraudes em cartões de vacina
A casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília foi alvo de mandado de busca e apreensão por agentes da Polícia Federal, na ação que investiga a atuação de um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Bolsonaro deve prestar depoimento à PF ainda nesta quarta-feira.
Ao todo, os agentes cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Entre os presos na ação estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e os ex-assessores especiais do ex-presidente Sérgio Cordeiro e Max Guilherme.
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do tenente-coronel Mauro Cid, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a filha mais nova do ex-chefe do Executivo, Laura, o deputado federal Guttemberg Reis (MDB-RJ) e a filha de Mauro Cid estão entre os investigados pela Polícia Federal.