STF volta a julgar validade de indulto dado por Bolsonaro a Daniel Silveira
Ex-deputado foi condenado pelo Supremo, em abril de 2022, por estimular atos extremistas e ataques a autoridades e a instituições
publicidade
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar nesta quarta-feira o julgamento da validade do decreto presidencial que concedeu indulto individual ao ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). O julgamento começou na última quinta-feira, mas foi suspenso por causa do horário.
Silveira foi condenado pelo STF, em abril de 2022, por estímulo a atos extremistas e ataques a autoridades e a instituições. A pena foi de oito anos e nove meses de prisão. Um dia após o julgamento, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu um indulto individual que anulou a condenação de Silveira. Os ministros analisam ações apresentadas pelos partidos Rede Sustentabilidade, PDT, Cidadania e PSOL.
Na avaliação dos partidos, houve também desvio de finalidade, pois o indulto não foi concedido em defesa do interesse público, mas sim do interesse pessoal de Bolsonaro, já que Daniel Silveira é aliado político do ex-presidente. Na quinta, houve a leitura do relatório e as sustentações orais dos advogados. As defesas dos partidos classificaram o decreto como "medida política", "mistura com os interesses do ex-presidente e "instrumento para embate e ataque entre Poderes".
Veja Também
PGR defende indulto
Em maio do ano passado, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu a graça concedida. Ele afirmou que o presidente tem competência privativa e ampla liberdade para definir os critérios de concessão do decreto de indulto individual — conhecido como graça.
Também na quinta, Aras disse que o STF tem reconhecido a validade do ato de clemência. "Razões que orientam o ato de clemência são essencialmente políticas, não configuram atos administrativos, mas atos nitidamente políticos. Trata-se de ato político por categoria conceitual, no qual encontram-se decretos de clemência", afirmou.